DEZEMBRO/2024 - 57a. edição


A Memória é ...

ARAPIRACA – MEMÓRIA VIVA XXII

 

ARAPIRACA - MEMÓRIA VIVA XXI

 

 

ARAPIRACA - MEMÓRIA VIVA XX

 

ARAPIRACA - MEMÓRIA VIVA XIX

 

ARAPIRACA - MEMÓRIA VIVA XVIII

 

 

 

ARAPIRACA - MEMÓRIA VIVA XVII

ARAPIRACA - MEMÓRIA VIVA XVI

 

ARAPIRACA - MEMÓRIA VIVA XV

 

ARAPIRACA - MEMÓRIA VIVA XIV

ARAPIRACA – MEMÓRIA VIVA XIII

ARAPIRACA - MEMÓRIA VIVA XII

ARAPIRACA - MEMÓRIA VIVA XI

ARAPIRACA - MEMÓRIA VIVA X 

 

ARAPIRACA - MEMÓRIA VIVA IX

 

 

ARAPIRACA - MEMÓRIA VIVA VIII

 

 

  

                                        

               (Publicado no JORNAL DE ARAPIRACA, ANO IV, Nº 146)

A PREFEITURA E O CABARÉ

 

            Nos idos dos anos 60, a municipalidade arapiraquense se debatia com um sério problema moral que atingia a rua 16 de Setembro, paralela à rua Estudante José de Oliveira Leite e bem próximo do Ginásio Nossa Senhora do Bom Conselho (hoje CBC): era o cabaré de Arapiraca, ou, como a sociedade chamava, o “meretrício”. Por toda a artéria, que vai da rua Boa Vista (na parte ladeirada) até a rua Paula Magalhães, as boates reluziam superlotadas, com frequentadores entrando e saindo ouvindo-se as músicas de seresteiros e apaixonados, como Anísio Silva, Orlando Dias, Carlos Alberto, Nelson Gonçalves, Núbia Lafaiete e tantos outros.

            Durante o dia, porém, um inconveniente: muitas das moradoras dos diversos cabarés da rua Boa Vista se misturavam aos jovens estudantes do Ginásio Nossa Senhora do Bom Conselho. Uma mistura que não era bem aceita pela sociedade arapiraquense, que via seus filhos frequentarem o “meretrício”, fugindo das aulas vespertinas do ginásio.

            Um exemplo surgido em Maceió, contudo, poderia ser seguido por Arapiraca. Lá, toda a área dos cabarés, situada no bairro de Jaraguá, foi desocupada, com as boates sendo deslocadas para um novo bairro, o Canaã. Foi uma ação enérgica do coronel, Adauto Gomes Barbosa, que era o Secretário de Segurança Pública do Estado durante parte do governo de Lamenha Filho.  O secretário geral da prefeitura de Arapiraca, Narcizo Lúcio, por determinação do prefeito João Lúcio da Silva, procurou o Secretário de Segurança Pública, com a mesma finalidade: transferir o cabaré da rua 16 para longe do centro de Arapiraca: o local escolhido foi o antigo campo de pouso de aviões, onde hoje está situado o bairro de Itapoã.

A prefeitura adquiriu as terras conhecidas como “campo da aviação” (hoje, entre as ruas Nossa Senhora da Salete e Amâncio Matias da Silva, no bairro Itapoã). Faltava convencer os proprietários das boates (cabarés) da rua 16.  A mudança se daria em comodato* (os terrenos sempre seriam do município). E assim foi feito.

            A primeira boate a se instalar no novo local foi a Madrid, de propriedade do Bala (ex-jogador do ASA) e de Zé Macaco. Era o primeiro passo. Depois, com a ordem do coronel Adauto  Gomes de prender todos aqueles proprietários que resistissem  sair da rua 16 de Setembro, vieram:  “Selva de Pedra”, “Vila Som”, “Mar de Rosas”, “Night and Day” (de Ruy Baiano), “Selma”, “Bar do Chico”, “Sayonara”, “Nair”, “Ciça e Ciço”, “Maria Baixinha”, “Dorge”, “Tonho Inácio”, “Klausberg” (escrita assim mesmo), “Dona Jenésia” (sic), “Arcindo”, e outras menos falada. Reabrí-las, somente no “campo da aviação”.

E a rua 16 de Setembro, pelo menos durante os anos 67/69, deixou de ser a rua dos cabarés. Surgia em Arapiraca, como que patrocinado pela prefeitura, um novo bairro, o bairro das “mulheres de vida fácil”, hoje o bairro Itapoã.  

(*Comodato - é o empréstimo gratuito de coisas fungíveis. Portanto, foram terrenos do município emprestados aos “donos” das boates dos antigos cabarés da rua 16 de Setembro para que saíssem do centro de Arapiraca. Documentos acerca desses comodatos devem estar nos arquivos da municipalidade).

(Publicado no JORNAL DE ARAPIRACA, ANO IV, Nº 145)

ARAPIRACA E O CABARÉ DA RUA 16 DE SETEMBRO

 

“VIDA FÁCIL”

 

*Um artigo de Manoel Ferreira Lira

 

Menino pequeno, lá pelos fins dos anos 50, fiz minha primeira incursão nas casas das “mulheres de vida fácil” de Arapiraca, os cabarés da Rua 16 de Setembro, pertinho do Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho (à época era Ginásio). Meu professor foi o mestre da alfaiataria Jurandir Braz.

Uma tarde, na garupa de uma bicicleta Monark, fui todo ancho conhecer aquilo de que tanto falavam maravilhas: as mulheres que traziam alegria e prazer para os homens. Sempre guiado pelo Jurandir cheguei trêmulo à Rua 16. Em uma das “tocas” (assim eram chamadas as casas daquela rua), que tinha como dona uma mulher alta, bonita, meia gasta pelo tempo e trabalho, fui apresentado como amigo de meu guia. Recebí uma garrafa de guaraná Antárctica, espumante, e a saboreava enquanto meu mestre tomava cerveja.

            Estava todo prosa e ria por dentro, com minha presença no “templo” das deusas como bem chamava o professor Miguel Valeriano, na sua verve incorrigível. Era como se fosse minha entrada triunfal na vida adulta. Leitor de gibis de Rock Lane, Bill Elliot, Hopalong Cassidy, Zorro, Rim Tim T e outros, passava a ter meu primeiro contato com a vida mundana da Rua 16. E pelas mãos de Jurandir Braz, um profundo  conhecedor profundo daquela vida.

             Lá pelas três horas da tarde, saímos da casa da bonita mulher e fomos até outra “toca”, eu e meu patrono. Essa, cheia de moças, louras, morenas, ruivas, bonitas e feias, gordas e magras.

            -Esse é o Ferrerinh!

            Era assim que me apresentava a todas as “meninas”. Bem ancho, saboreando outra garrafa de guaraná eu me deslumbrava com aquele mundo novo, cheio de luzes, mulheres com pouca roupa, mesas e cadeiras.

            Foi quando tudo aconteceu. Irrompendo porta a dentro surgiu um homem alvo, forte e alto. Era o deputado Claudenor Albuquerque acompanhado de mais de dez homens. De todo tipo. De um preto chamado  Zé Macaco ao Alabê, passando pelo Perigoso.

            Ao lado do deputado, seu cunhado, Major Ataíde, homem de mais de 1,80.

            Sentaram-se ao redor das mesas, pediram bebida e conversavam freneticamente. Foi aí que o deputado Claudenor Albuquerque, homem temido em Arapiraca e na região, falou:

            -Todo mundo nu. Não quero ninguém com roupa!

            Meu mundo desmoronou. A minha satisfação, a minha alegria, o meu deslumbramento, tudo foi por água à baixo. Nu, eu que tinha vergonha de meus próprios pertences. “Oh, meu Deus, e agora!”, pensei.

            Tremia todo. Ainda de calças curtas, olhava para meu protetor, o Jurandir Braz, com olhar de “pidão”.

            “Ajude-me, ajude-me”, gritava em silêncio.

            Jurandir, sentindo minha aflição, dirigiu-se ao deputado e falou:

            -Claudenor, deixe o menino por fora. Ele vai embora, tá nervoso, falou.

            -Quem é ele, Jurandir? De quem é filho, perguntou o deputado

            -Olha, ele é filho de “seu” Odilon, o cunhado do Agnelo.

            -Ah, é dos Lira, né?

            - É, completou Jurandir Braz. Deixe o menino ir embora.

            O deputado olhou para os lados, pensou, pensou e resolveu me mandar ir embora.

            -Vai, meu filho, ainda não é sua vez, Vá crescer!

            A porta se abriu como um passe de mágica e saí sem olhar para os lados. Fixei meu olhar para frente, saí daquele bar, daquela “toca” e desembalei na carreira até em casa. Parecia que eu voava. Só sentia o vento no meu rosto.

            Arfando, cheguei em casa; despistei minha mãe, que queria saber o porque daquele cansaço, daquele suor por todo o corpo. Claro que não disse nada, pois só pensava em meu corpo nu ao lado daqueles homens.

            Passei muito tempo para voltar e frequentar as “tocas” de Arapiraca.

 

*Do livro: Memórias de Um Quase Comunista

 

O RÁDIO EM ARAPIRACA

            Antes dessa profusão de emissoras de rádio, no início AM e hoje todas FM, Arapiraca foi uma das cidades alagoanas onde mais se desenvolveu o sistema de transmissão da palavra por meio de ondas elétricas. Desde 1944, quando chegou da Paraíba um técnico de cinema, o sr. José Gondim, para prestar assistência ao cinema Leão como técnico eletrônico (que funcionou ao lado onde hoje é o Banco Bradesco), que Arapiraca passou ase manifestar através de ondas hartezianas.  Seu projeto: inundar a cidade de alto-falantes. Por ser dispendioso, segundo o artista plástico J. Sá, o projeto não foi adiante.

            Entretanto, em 1946, na administração de João Ribeiro Lima (que havia sido interventor), nova fase para o rádio em Arapiraca: a idéia do sr. José Gondim ressurgiu, com a instalação de um serviço de alto-falantes na rua do comércio, conhecida como cais de Manoel Leal. Era o Serviço de Alto-falantes da Prefeitura Municipal, na voz de Cyra Ribeiro, filha do interventor e a primeira mulher a falar naquele sistema de som. A primeira música tocada foi ”Pelo telefone”, às 10 horas da manhã do dia 30 de outubro.

            -Aqui é o serviço de alto-falantes da Prefeitura Municipal de Arapiraca, a voz do povo,dizia a locutora (conhecida como speak).

            O povo que ouvia aquela maravilha estava extasiado (o serviço de alto-falantes da prefeitura funcionou até 1948, com o estúdio vizinho ao mercado da farinha, local onde hoje é o Hotel Real, atual praça Manoel André).

A partir de 1948, na gestão Luiz Pereira Lima, a prefeitura instalou diversas “bocas de som”: em postes na Praça Gabino Besouro (hoje Praça Marques da Silva),  na esquina da Praça Gabino Besouro com a Rua Aníbal Lima,  (alí funcionava o estúdio e o locutor era o jovem Miguel Valeriano da Silva).

Com a posse do prefeito Coaracy da Mata Fonseca em 1951 (genro de Luiz Pereira Lima), o “locutor” Miguel Valeriano foi ser secretário geral da prefeitura, assumindo o cargo de locutor o estudante Ivan Rodrigues. Surgiu, então, a figura de J. Sá, autor da prece do Ângelus, que era lida diariamente às 18 horas. Com a inauguração do cine Trianon (de propriedade do vereador José Barbosa), em 1952, J. Sá foi convidado para ser o locutor oficial do cinema, que tinha duas cornetas de som, e anunciar os filmes. 

Com a saída do prefeito Coaracy da Mata Fonseca, o serviço de alto-falantes do município arrefeceu. J. Sá, então, com a ajuda inestimável de José Gondim, instala em sua residência o serviço de alto-falantes Tupã (os discos de vinil eram emprestados pelo futuro juiz Nelson Rodrigues Correia). Em 1953, J. Sá conseguiu um transmissor e passou à época do rádio, que conseguia levar o som ao centro e bairros próximos ao estúdio (já com licença do Departamento dos Correios e Telégrafos, encarregado da fiscalização das rádios). Em 1954, o serviço de alto-falantes passa a ser chamado de rádio Tupã. Pouco tempo depois, a convite de José Renato, diretor da Rádio Difusora de Alagoas (emissora oficial de Alagoas), J. Sá passou a ser mais um locutor daquela emissora, até que, a convite e oferta do gerente do Banco da Lavoura de Minas Gerais S. A. em Arapiraca, sr. Euzébio Santos, recebeu um empréstimo bancário para compra dos transmissores da rádio Tupã, passando a proprietário.

Em 1961, a convite do deputado estadual Claudenor de Albuquerque Lima, o radialista J. Sá passa a fazer parte do cast da rádio Cultura de Arapiraca, que tinha como diretor administrativo o próprio deputado, como diretor geral, José de Sá, e como diretor artístico o radialista e político alagoano Castro Filho (depois, vereador em Maceió), com estúdio e transmissor no bairro São Luiz (antiga Fazenda Pernambucana). Eram radialistas: J. Sá, José Benedito Silva, o JBS, José Barbosa das Neves, o “Barbosinha” e Siloé Limeira.

Houve, ainda, por poucos períodos algumas emissoras clandestinas em Arapiraca, a exemplo de: Rádio Cruzeiro de Arapiraca, de propriedade do  Benedito Umbelino; Rádio da Igreja Batista de Arapiraca; Rádio Assembleia de Deus; Rádio Duque de Caxias, da comunidade rua Duque de Caxias; Rádio Holanda Musical, de Propriedade do técnico eletrônico José Holanda Ferreira.

A rádio Cultura de Arapiraca funcionou até 1964, surgimento da militarização brasileira, quando encerrou suas atividades. Neste mesmo ano, tendo à frente da municipalidade o prefeito Francisco Pereira, e secretário geral da prefeitura o advogado Miguel Valeriano, surge a rádio Antena de Publicidade, que passou a funcionar na rua Camilo Collier, por trás da sede da municipalidade (o estúdio e o transmissor foram montados pelo técnico em eletrônica José Gomes, o Dedé. 

Durante o governo municipal de João Lúcio da Silva, com seu filho Narcizo Lúcio como secretário geral da Prefeitura, o estúdio da Antena de Publicidade passou a funcionar na avenida Rio Branco, onde hoje é a Biblioteca Municipal (eram locutores: J. Sá, José Benedito Silva, o JBS, Albênzio Perrone (comentarista esportivo), Jurandir Vieira (locutor esportivo), Sebastião Cândido, Miriam Ferreira, João Rocha, Joana Vieira, a Joaninha; como controlistas: Valdemar “Testinha”, Zé do Rojão, Humberto Oliveira, o “garoto”, ex-centro avante do ASA, José Reginaldo Silva, conhecido como “Radar” e George Sá, irmão de J. Sá), até quando teve lacrado seu transmissor pelo Departamento Nacional de Telecomunicação - Dentel.

Com o fechamento da rádio Antena de Publicidade, os ex-prefeitos Francisco Pereira Lima e João Lúcio da Silva, o ex-secretário da prefeitura Narcizo Lúcio da Silva, o ex-secretário de Educação e Saúde, Manoel Lúcio Sobrinho, passaram a responder processo junto a Justiça Federal, cujo juiz era o Dr. Pedro Acyoli.

Depois de todo este périplo radiofônico, Arapiraca somente veio a ter uma emissora de rádio em 1976, com o surgimento da rádio Novo Nordeste. Aí, é outra história. 

 

A IGREJA DA PROMESSA

José Zeferino de Magalhães nasceu no bairro Cacimbas, filho de Manoel Antônio Pereira de Magalhães e Ana Maria da Silva Valente. Seu pai era sobrinho de Esperidião Rodrigues da Silva, o emancipador de Arapiraca. Casou-se com Antônia América Cavalcante Magalhães. Era comerciante e, em 1908, participou da fundação da Sociedade Musical União Arapiraquense. Em 1917, colaborou com a criação do Tiro de Guerra. Foi um dos membros da Junta Governativa até a posse de Esperidião Rodrigues como primeiro prefeito de Arapiraca. Hoje, há somente um descendente direto, Leondeny Cavalcante de Souza Guerra.

Em 1904, com Arapiraca passando por uma grande crise na saúde de seus filhos, que surgiu a figura do arapiraquense Zeferino Magalhães. Uma epidemia de febre tifóide (ou foi de peste? Os historiadores divergem) acometeu a todos, com centenas e centenas de mortes. A verdade é que morreram inúmeras pessoas, dentre elas Fabião Augusto de Macedo e Manoel Antônio Pereira de Magalhães, pai de José Zeferino de Magalhães. Fervorosos católicos, os habitantes da comunidade, ainda vila, rezavam aos santos, pedindo clemência para tanta morte e miséria.  

            Zeferino Magalhães foi um deles. Com apoio inconteste de sua esposa, América Cavalcante Magalhães, prometeu em terreno próprio, ao lado de sua residência, construir uma igreja em homenagem a São Sebastião, que diziam ser o protetor da humanidade contra a fome, a peste e a guerra.

            Para ajudá-lo na tarefa, ou promessa, Zeferino contratou o pedreiro Antônio Marroquim. Teve, também, a ajuda da Irmandade do Sagrado Coração de Jesus, da Cruzada, dos Marianos e das Filhas de Maria, todos da igreja matriz de Nossa Senhora do Bom Conselho, que, cantando e rezando benditos, carregavam tijolos, barro, areia e pedras. Cada irmandade religiosa assumia os trabalhos por uma semana.

            Após a conclusão da igrejinha, quem deveria administrá-la? Arapiraca ainda não era paróquia. Aliás, a diocese de Penedo ainda não existia, pois somente foi criada em 03 de abril de 1916, pela Bula “Catholicae Eclesiae Cura”, do Papa Bento XV, sendo desmembrada da então Diocese de Alagoas (atual Arquidiocese de Maceió).  Integra hoje, junto com a Arquidiocese de Maceió e a Diocese de Palmeira dos Índios, a Província Eclesiástica de Maceió, pertencente ao Regional Nordeste II. Sua superfície é de 8.905 Km2. Portanto, a Igreja de São Sebastião veio antes da Diocese de Penedo, cuja Paróquia de Nossa Senhora do Bom Conselho, em Arapiraca, foi criada em 1944. O primeiro pároco, Epitácio Rodrigues, foi celebrante desde 1935 até 1979, quando renunciou por idade avançada.

            Uma das figuras mais representativas da sociedade do passado, era a matriarca Maria Lima de Oliveira, com suas origens nas tradicionais familias com raízes em Arapiraca. Era filha do casal Rosendo Lima Vieira – Cristina de Oliveira, das mais antigas famílias do bairro de Cacimbas, onde nasceu em 17 de janeiro de 1905, portanto, um ano após a construção de minha casa; e cresceu ao lado das irmãs Aldália e Júlia Lima.
Maria Lima, como era mais conhecida, casou-se com José Francelino da Silva e dessa união nasceu uma numerosa prole: Mário, Vandete, Valfrido, Elza, Isabel, José, Lourdes, Julieta e Severina. 
Figura altiva, dotada de muita simpatia, fácil comunicação e capacidade de liderança, Maria Lima foi a primeira mulher a atuar na Câmara de Vereadores, escolhida pelo prefeito Guilherme Araújo, para compor o grupo de conselheiros encarregados de auxiliar a administração, mantendo contatos com a comunidade, numa época em que não havia vereadores.
Foi assim que Maria Lima conseguiu se destacar na gestão de 1936 – 1937, desempenhando o seu papel ao lado de José Lúcio da Silva, Fausto Correia, Amancio Barbosa, Josué Messias e outros líderes daquela fase, desenvolvendo um trabalho voluntário, prestando relevantes serviços tanto no centro urbano como nos distritos onde havia mais carências, principalmente na área de educação, onde a administração mantinha as chamadas escolas isoladas

A promessa

Igreja de São Sebastião (1905)

 

            Numa época muito difícil (ano de 1904) surgiu uma epidemia em toda a Arapiraca. Uns diziam ser bexiga preta, outros a peste bubônica; outros, acreditavam ser “castigo” dos céus. A verdade é que morreram inúmeras pessoas, dentre elas Fabião Augusto de Macedo e Manoel Antônio Pereira de Magalhães, pai de José Zeferino de Magalhães. Católica, a comunidade arapiraquense rezou muito e “fez promessa” a São Sebastião. Zeferino e sua esposa, América Magalhães cederam terreno para construção de uma igreja em homenagem ao santo, que ficou sob sua responsabilidade. Contratou o pedreiro Antônio Marroquim como mestre de obra que a finalizou em 1905.. Zeferino teve a ajuda importante da Irmandade do Sagrado Coração de Jesus e das Filhas de Maria, pertencentes a Igreja do Bom Conselho.

Após Zeferino Magalhães, que foi com a família para o Rio de Janeiro, a igreja passou a ser administrada por Maria de Oliveira Lima; depois, sua filha, Maria de Lourdes Lima. Os festejos a São Sebastião são realizados no mês de dezembro, para não concorrer com as festividades a Nossa Senhora do Bom Conselho, que vão de janeiro a fevereiro. O sucessor vivo mais próximo de Zeferino Magalhães (neto) é Leondeny Cavalcante de Souza Guerra. Hoje, a igreja está sob a responsabilidade da paróquia Nossa Senhora do Bom Conselho e é considerada monumento material e histórico de Arapiraca (A foto, destoada, é de 1946).

A igreja e suas lembranças

 

A lembrança que tenho daquela igrejinha sempre foi de um templo para cristãos-católicos comemorarem o dia de São Sebastião todo mês de novembro. Uma igreja com somente três portas, sem entradas laterais, desbotada, pequenininha. Hoje, há duas portas, uma no meio e outra à esquerda. No lado direito, há uma janela. Mas aconchegante, porém.

            Situada na praça Marques da Silva, antes conhecida como praça Gabino Besouro, em Arapiraca, foi durante muito tempo meu ponto de encontro às tardes, entre 17 e 18 horas, quando o sol estava se pondo, com meus amigos do Ginásio Nossa Senhora do Bom Conselho. Lá, invariavelmente, rememoravam as histórias de muitos arapiraquenses e, principalmente, muitas de nossas estórias.

            Macarrão Paladim (o Elionaldo), Fela (o Everaldo), Mavú (o José Gomes), Pirrita (o Eraldo), Luís Carlos, Desenho (o Bartolomeu), Maurício (antes de ser o Chapéu de Couro), Bico de Bule (o Sarmento - gerente do Produban), Cachorro do Coronel (o Arlindo) eram companheiros constantes da minha vivência diária à porta da igrejinha de São Sebastião. Praticamente não arredávamos dalí, pois essas portas só abriam, como disse, em alguns dias de novembro, quando a zabumba dos Ambrósios alí ficava, num banco de tiras, a tocar chamando os fiéis para as comemorações do santo. Eram dois pífanos, um bumbo, um tarol e um prato. Em Arapiraca, o tríduo se realiza em novembro, apesar de as comemorações em homenagem a São Sebastião ser em janeiro. Isto deve-se devido a coincidência com as festas da padroeira da cidade, Nossa Senhora do Bom Conselho, que é em janeiro.

            Ah, como era bom assistir a Zabumba de Os Ambrósios! Principalmente, chupando limão. Às escondidas, e olhando fixamente para os tocadores de pífano. Era um Deus nos acuda! Suas bocas ficavam cheias de saliva e os sons não saíam conforme a música.

Lembranças boas assistindo os leilões de oferendas durante o tríduo festivo. Eram Toinho Cavalcante e Lourenço Chaves, leiloeiros oficiais das festas de São Sebastião, a gritarem “quem dá mais? É galinha de capoeira, gordinha, gordinha. Vale cinco cruzeiros. É prá ajudar o santo. Vamos, minha gente, quem dá mais?

Eram galinhas, galos, bode, cabra, cachos de banana, abóboras, melancias, até ovos. Uma festa!

            A Igreja de São Sebastião, afora os festejos daqueles tempos, somente servia para o deleite das histórias, muitas delas de trancoso, e dos dias e noites de tocadas do zabumba dos Ambrósios. No resto, quase sempre fechada no ferrolho, era para nós todos um mistério. Sabia até que era a Igreja de São Sebastião. De quem? Do mártir São Sebastião. Mártir? Que mártir! Aliás, que era mártir?

            Não tinha noção do que significava aquela palavra - mártir!

(do  livro A CASA DO SANTO, de Manoel Ferreira Lira, em pdf, ano 2017)

 

ESPERIDIÃO RODRIGUES

 

MANOEL ANDRÉ

TUDO COMEÇOU COM ELE

A Memória é ...

30/5/1924

A Emancipação política de Arapiraca

Manoel Ferreira Lira

            A emancipação política de Arapiraca está completando 94 anos e deu-se no penúltimo dia de maio de 1924, nunca em 30 de outubro, data em que os arapiraquenses comemoram sua liberdade política de Limoeiro de Anadia. Por conveniência do governador Costa Rego, sucessor de Fernandes Lima, com a nomeação da primeira Junta Governativa em 18 de outubro daquele ano, as comemorações foram e são no dia 30 do penúltimo mes de cada ano. 

            É necessário frisar que, antes de se tornar município, Arapiraca  tornou-se distrito em 1892, com cartório de registro civil (para registros de nascimento, casamentos civis, certidões de óbitos) e uma sub-delegacia de polícia. Tudo isto ocorreu logo após a Proclamação da República, com a nova Constituição do Brasil, de 1891.  O distrito de Arapiraca teve como seu primeiro Juiz de Paz José Francisco da Silva Goes, que também ocupou o cargo de sub-delegado de polícia, e teve como escrivão do Registro Civil Manoel Apolinário da Silva (neto de Manoel André Correia dos Santos, o fundador).

            A Emancipação Política de Arapiraca, entretanto, ocorreu em 30 de maio de 1924, com o governador Fernandes Lima sancionando a Lei no. 1009/1924 (a publicação da lei deu-se no Diário Oficial de 31/5/1924, primeira página).  

            Como a lei que criou o município de Arapiraca não era auto regulamentável, necessário houve que o governo de Alagoas (já com Costa Rego como governador), considerando que a Lei no. 1009/1924 "não determina quais os poderes competentes para apurarem as eleições, expedirem diplomas, reconhecerem e empossarem os membros da administração municipal; considerando mais que o município, uma vez criado, não poderá ficar privado de sua administração própria; e, considerando, finalmente, que a Constituição e as leis estaduais não regulam a espécie e, de acordo com o número 2 do art. 50 da mesma Constituição, compete ao Governador expedir decretos, regulamentos e instruções para filei execução das leis, Decreta: " (Decreto no. 1078, de 17 de outubro de 1924, DO 18/10/24, p. 2). 

            Foi, então, regulamentada a lei  criadora do município de Arapiraca, que, entre outros assuntos, diz:

            "Art. 1o. - Sempre que for creado um município, o Governador do Estado, immediatamente, nomeará uma Junta Governativa composta de dez membros, afim de exercer as funções da administração municipal.

            "Art. 2o. - Nomeada a Junta Governativa, esta elegerá o seu presidente que ficará, desde logo, exercendo as funcções de Agente Executivo com as mesmas atribuições e obrigações por lei conferidas aos Prefeitos municipaes.

            "Art. 8o. - Nenhum ordenado, subsidio ou gratificação perceberão o presidente e demais membros da Junta Governativa, devendo seus actos e contas serem submetidos posteriormente á approvação do Congresso Legislativo do Estado." (o decreto no. 1.0078 tem dez artigos e está aqui citado com escrita original).      

            No mesmo diário oficial, o governador nomeia a primeira Junta Governativa de Arapiraca.

            Eis o Ato governamental: "O Exmo. Snr. Governador do Estado, por actos de hontem, e de acordo com o art. 1o. do Decreto n. 1078, de hontem mesmo datado, nomeou os cidadãos Domingos Rodrigues, Olegário Cavalcante, Francisco Magalhães, Aprigio Jacintho, Antonio Appollinario, Antonio Ribeiro, Pedro Lima, José Pereira Sobrinho, Tiburcio Valeriano e Cicero Gonzaga, membros da Junta Governativa do Municipio de Arapiraca, creado pela Lei n. 1009, de 30 de maio do corrente anno" (escrito conforme o original).

O telegrama:

            Assim que sancionou a lei, o governador Fernandes Lima encaminhou telegrama a Esperidião Rodrigues, o maior líder local pela emancipação, nos seguintes termos:

Cel. Esperidião Rodrigues da Silva
Arapiraca Limoeiro
Acabo sancionar Projeto Lei criando município de Arapiraca, com cuja população laboriosa, adiantada e progressista me congratulo por intermédio amigo, grande incansável paladino dessa conquista que representa ato de justiça aos poderes públicos e a um povo que se levanta por si próprio, que tem iniciativa e que progride.
Cordiais Saudações
Ass. Fernandes Lima- Governador do Estado
.

            O telegrama é datado de 30 de maio de 1924.

A lei

Lei no. 1.009

de 30 de maio de 1924

Eleva à categoria de Villa e Municipio a povoação de Arapiraca e contem outras disposições.

            Faço saber que o Congresso Legislativo decreta e eu sanciono a lei seguinte:

            Artigo 1o. - Fica elevado à categoria de Villa e Municipio a povoação de Arapiraca;

            Artigo 2o. -  É creado o fôro civil e judiciario no mesmo Municipio, cujos limites ficam sendo os seguintes: Ao norte, o Municipio de Palmeira dos Indios, pelo riacho Tingú, de sua confluencia com o rio "Traipú" até suas nascentes; dessas, por uma linha recta até encontrar  com a nascente do riacho denominado "Riachão das Victorias" e por este abaixo até onde conflue com o rio Coruripe, a leste. com o Municipio de Limoeiro a partir da confluencia do riacho denominado "Riachão dos Victorinos" com o rio "Coruripe", por este rio, a encontrar o lugar denominado "Poço da Julia", d'ahi, pela estrada real que segue para a "Lagoa do Pé Leve" e desta pelo riacho do "Pé Leve Velho" abaixo até o açude Piauhy; ao sul, com os Municípios de Porto Real do Collegio ne S. Braz, partindo do açude Piauhy, pela estrada real até encontrar a Fazenda "Lagoa Sêca", desta passando pela Fazenda "Gruta d'Agua, antiga Perucaba pela Fazenda Poços e d'ahi pela estrada real passando nos sítios "Baixa da Onça" e "Mulungue", até o sitio "Riacho Fundo"; ao oeste, com o Municipio de Traipu pela estrada real que vai de "Riacho Fundo" e passa no sitio Matta Limpa e nas Fazendas "Camude"n e "Folha Miuda" naté encontrar o povoado Riachão, na margem do rio Traipu, e por este acima até encontrar a confluencia do Riacho Tingú.

            * Unico - Ficam desannexadas faixas de terras dos Municipios de Palmeirados Indios, Collegio, S. Braz e Traipu e o Distrito de Arapiraca de Limoeiro de Anadia.

            Artigo 3o. - É igualmente creado um Tabellionato de Notas e Escrivanias do Civel, Crime, Commercial, Orphãos e Auzentes, Jury e mais annexos.

            Artigo 4o. - A installação do novo Municipio será feito de accordo com as disposições legaes e applicações à especie.

            Artigo 5o. - Revogam-se as leis e disposições em contrario.

            O Secretario de Estado dos Negocios do Interior assim a faça executar.

            Palacio do Governo, em 30 de maio de 1924, 06 da Republica.

JOSE FERNANDES DE BARROS LIMA

Jose Moreira da Silva Lima

Publicada na Secretaria de Estado de Negocios do Interior, em 30 de maio de 1924. 

Aureliano Tolentino da Costa, Director.

(escrita conforme o original)

Cronologia depois da Emancipação:

17/10/1924 – O jornalista Pedro da Costa Rego nomeia a primeira Junta Governativa de Arapiraca;

07/01/1925 – Leitura do termo de posse pelo juiz Dr. Medeiros, da cidade de Palmeira dos Índios (para onde passou o Distrito de Arapiraca);

07/01/1925 – Esperidião Rodrigues é eleito prefeito da Vila Arapiraca, tendo como vice José Zeferino de Magalhães e governaram até 08/01/1928;

Em 1930 – Esperidião Rodrigues é reeleito prefeito de Arapiraca tendo como vice Antônio Romualdo e governaram até 1932.

 

Prefeitos eleitos de Arapiraca

 

1- em 07/01/1925 - Esperidião Rodrigues (vice - José Zeferino de Magalhães);

2- em 08/01/1928 - José Gomes Correia (vice - João Ferreira de Albuquerque);

3- em 08/06/1928 - João Ribeiro Lima (vice - João Ferreira de Albuquerque);  

4-  em   07/09/1930 -   Esperidião Rodrigues (vice - Antônio Romualdo da Silva).

            A partir de 1930, com a Revolução de 30, os intendentes  nomeados tiveram mandatos temporários, conforme interesses dos interventores estaduais. Assim, Arapiraca teve os seguintes intendentes nomeados:

            -Manoel Firmino Leite, de 26/7/1932 a 08/02/1933;

            -Pedro Barbosa da Silva, de 08/02/1933 a 13/03//1933;

            -Manoel Lúcio Correia, de 13/03/1933 a 18/8/1934;

            -Pedro Barbosa da Silva, de 18/8/1934 a 04/10/1934;

            -Guilherme Moreira, de 04/10/1934 a 08/01/1936;

            -Aprígio Jacinto da Silva, de 08/01/1936 a 10/01/1937;

            -Genésio Rodrigues da Silva, de 11/01/1937 a 16/12/1937 (o último intendente).

            Com decreto do governo Vargas (Estado Novo), as vilas administrativas seriam sedes dos municípios, passando a serem governados por prefeitos. Domingos Motta Accioli, em 17/12/1937, foi o primeiro prefeito nomeado pelo interventor Orman Loureiro. Governou até 1940.

            A revista O CRUZEIRO, em edição de 30 de maio de 1940, publicou pequena matéria sobre Arapiraca. Dizia: “É na zona central do Estado de Alagoas que se acha situado um dos seus municípios progressistas. Pode-se affirmar sem receio de contestação que Arapiraca, na orientação sadia do prefeito Domingos Motta Accioly, attingiu a um gráo sensível de desenvolvimento que abrangiu todos os sectores de sua vida politico-administrativa.

                  "Na sua superfície de 414 kilometros quadrados realizou o prefeito Domingos Motta Accioly um verdadeiro milagre de trabalho, construindo numerosas rodovias, fomentando a agricultura local e beneficiando, emfim, as classes trabalhadoras com a sua visão de edil zeloso e dynamico.

                  "Graça aos seus esforços, hoje Arapiraca se acha ligada por meio de confortáveis estradas de rodagem às localidades de Sertãozinho, Traipú, Limoeiro, Palmeira dos Indios, Porto Real do Collegio e ao povoado de Poção, no proprio município de Arapiraca. Essas estradas, além de communicarem o municipio com os demais circumvizinhos, tem trazido a Arapiraca o beneficio inestimável do escoamento de sua produção.

                  "Cuidando, por outro lado, da educação, graças, ainda, ao prefeito Domingos Motta Accioly, Arapiraca possue cerca de oito escolas municipais. Sua população escolar attinge a uns oitocentos alunos matriculados.

 

                  "Cidade de encantador aspecto, habitada por uma população sociável e altamente hospitaleira. Arapiraca possue esplendida illuminação publica, ruas amplas e consideráveis tem sido o seu crescimento nos últimos annos.”

 

Domingos Motta Accioly foi o último prefeito nomeado de Arapiraca, no período 1937/1940.

 

ARAPIRACA

MEMÓRIA VIVA XIII

 

CARTA-TESTAMENTO

 

“Rio de Janeiro, 4 de dezembro de 1956.

           

“Senhor Presidente do Diretório Nacional da UDN:

 

“Para situar bem o problema político de Alagoas e, em particular, a situação do município de Arapiraca, devo recuar no tempo e fazer um pouco de história pessoal. Como esclarecimento preliminar, devo, igualmente, acentuar que a responsabilidade da União Democrática Nacional, por sua direção e por sua seção regional no Estado de Alagoas, não se pode absolutamente isolar desse problema aparentemente de fisionomia municipal.

“Histórico – Cursava eu, ainda o 3o. ano de Medicina, na velha Escola da Bahia, em 1948, quando recebi uma carta do, então, Deputado Federal, Dr. Rui Palmeira, na qual aquele ilustre alagoano e homem público me estimulava a ingressar na atividade político-partidária do meu Estado natal. Na referida carta, o Deputado Rui Palmeira manifestou desejo de um entendimento pessoal comigo para melhor considerarmos o assunto.

“Até então não tinha com o ilustre representante alagoano nenhuma aproximação, mas acompanhava com interesse sua situação no Congresso em favor dos problemas de nossa terra comum.

“Vínhamos de romper o sombrio período da ditadura no nosso País e eu sentia na figura do Deputado Rui Palmeira um idealista sincero, animado pela flama de servir aos ideais democráticos.

“Os meus sentimentos de moço, também, levaram-me a aceitar a sugestão do ilustre conterrâneo, que iria tornar-se, depois, um dos meus mais fiéis e dedicados amigos.

“Com a convicção de que contribuiria de qualquer modo para o esforço de recuperação moral e política do meu Estado, resolvi ingressar na União Democrática Nacional, seção de Alagoas. Posso reivindicar, portanto,  a condição de um udenista da primeira hora e de uma hora dificílima e perigosa para o ambiente político do meu Estado.

“Vieram as eleições de 1950 e o meu modesto nome figurou na chapa dos candidatos do Partido à Assembléia Legislativa Estadual. Não tinha absolutamente veleidade de uma vitória nas urnas porque, naquela altura, simples estudante, não estava vinculado a qualquer colégio eleitoral que me assegurasse  certo contingente de votos. Dava, apenas, minha primeira colaboração ao Partido, desprendidamente. Com o término dos meus estudos de Medicina, na Bahia, surgiu, naturalmente, o problema de minha localização no interior do meu Estado para o início das atividades profissionais. Nesse passo, ajudou-me, ainda, a cooperação do meu dileto amigo, Deputado Rui Palmeira, que me indicou a cidade de Arapiraca, como campo de minha iniciação médica, sugestão que, aliás, coincidia com um vivo desejo de minha família, naturalmente interessada em situar-me em sua vizinhança.

“Não estou arrependido dessa resolução e confesso que, se tivesse de me decidir, hoje, a respeito, certamente seguiria o mesmo rumo.

“Cheguei em Arapiraca no dia 14 de fevereiro de 1952 (é uma data que considero importante sublinhar) e ali iniciei meus trabalhos de médico, vendo minha atividade honesta coroada de uma compensação  animadora. Ao lado do meu labor na clínica, tentava realizar um trabalho de estruturação político-partidária em benefício do fortalecimento do meu Partido. Vale acentuar que naquele tempo, o grêmio local da UDN estava, por assim dizer, de fogo apagado. O diretório desorganizado e nenhum esforço no aliciamento de novos correligionários. Essa foi a tarefa que me coube com sucesso, felizmente.

“Em 1954, pela primeira vez, nosso Partido era vitorioso em Arapiraca. Essa modificação irritou, sobremaneira, os adversários que me fizeram, de preferência, alvo de suas iras. Um pouco antes das eleições, minha casa de residência era tiroteada, antes de anoitecer.

“Fui eleito deputado estadual com a votação pessoal mais expressiva hoje obtida por um candidato à Assembléia Legislativa.

“Chegou, agora, o momento crucial de falar sobre os recentes acontecimentos que justificam minha presença no Rio, no momento.

“Como é do conhecimento da Direção central do Partido, perdemos em Alagoas as eleições para governo no pleito de 1955. Não convém denunciar, aqui, as responsabilidades dessa decepcionante e inesperada derrota.

“Como resultado do nosso insucesso, foi eleito Governador de Alagoas um homem inescrupuloso, insensível e com evidentes marcas criminosas, que servido por uma “entourage” política da pior espécie, infelicita e degrada um povo.

“Em março do corrente ano, estive, aqui, no Rio, pedindo a interferência do meu Partido, junto aos poderes federais, no sentido de neutralizar a onda de terror implantada no município de Arapiraca, no meu Estado, sob a inspiração direta do Governador Muniz Falcão.

“Naquela ocasião, fiz um relato circunstanciado diante do Diretório Nacional da UDN sobre as lamentáveis ocorrências de Alagoas, denunciando, inclusive, a trama que se organizava para o extermínio de minha vida e de outros correligionários. Esse vaticínio, desgraçadamente, já foi confirmado pela trágica realidade dos fatos. O vereador udenista, Benício Alves de Oliveira, cidadão de uma correção e lealdade partidária a toda prova, foi barbaramente assassinado, há pouco tempo, de tocaia, e, antes dele, outro excelente correligionário, o Major reformado da Polícia Militar, Vicente Ramos da Silva, havia sido tiroteado em sua própria residência, ficando mortalmente ferido.

“Impressionada com meu testemunho, a direção do Partido, a cuja frente está essa personalidade ímpar de brasileiro que é o Dr. Milton Campos, mandou o eminente Deputado João Agripino para observar, in loco, os acontecimentos de Alagoas. O ilustre Secretário-Geral do Partido constatou a veracidade de minhas denúncias, confirmadas, em parte, pelo depoimento do próprio Governador, que prometeu, solenemente, restabelecer a paz e a tranquilidade no conflagrado município de Arapiraca, dando garantias aos nossos correligionários ameaçados.

“Houve, em seguida, uma modificação na situação local do município de Arapiraca, que parecia confirmar o compromisso assumido, publicamente, pelo Governador. Foi, entretanto, apenas  uma ligeira trégua porque, logo depois, recrudesciam as violências e atrocidades.

“Por esse tempo, quando ocupava a tribuna da Assembleia, para ler uma missiva do Pároco de minha cidade, o Deputado Claudenor Lima, mandante do atentado contra nosso correligionário, Major Vicente Ramos da Silva,  em companhia de um capanga, de nome Calu, tentou ostensivamente assassinar-me, sendo detido nessa ameaça pela interferência dos colegas.

“Nessa ocasião, foram a Alagoas nossos representantes na Câmara Federal, o Senador Rui Palmeira, o eminente Deputado Bilac Pinto, como observador do Partido e um representante do Sr. Ministro da Justiça,  Sr. Oyama Teixeira. Sob pressão da ressonância que os fatos políticos do Estado alcançavam na esfera federal, o Sr. Governador substituiu a arbitrária autoridade policial do município de Arapiraca, designando para as funções de Delegado o Capitão Cícero Argolo, da Polícia Militar, pessoa de sua inteira confiança, que, no exercício daquele cargo, se manteve equidistante das paixões políticas locais, assegurando, realmente, um período de paz e tranquilidade para a população de Arapiraca.

“Essa situação não satisfazia, entretanto, aos nossos adversários, desejosos de renovarem o ciclo de violências e dispostos a não admitirem a sobrevivência senão daqueles que lessem por sua cartilha política.

“Atendendo às exigências dos seus partidários no município de Arapiraca, o Sr. Muniz Falcão substituiu aquele oficial por um civil, o Sr. Francisco Pereira Lima, candidato a prefeito, derrotado no último pleito e parente próximo e amigo incondicional do chefe político situacionista.

“Como consequência lógica dessa substituição da autoridade policial por um elemento faccioso e comprometido com as lutas partidárias locais, tivemos o assassinato frio e covarde do vereador Benício Alves de Oliveira. Depois do crime, o Governador, em vez de apurar as responsabilidades do delito, enviou à Arapiraca o 1o. Delegado da Capital, a fim de dar cobertura aos criminosos e de instaurar um clima de verdadeiro terror contra nossos correligionários.

“Nessa oportunidade, num flagrante desrespeito à Justiça, foram presos e humilhados numerosos cidadãos, portadores de habeas-corpus preventivos.

“Esses tristes acontecimentos foram comprovados pela comissão interpartidária de  senadores que esteve em Alagoas e que se deslocou até o município de Arapiraca, teatro principal das mencionadas ocorrências.

“Os mandantes do assassinato do vereador Benício Alves de Oliveira continuam impunes, gozando plena liberdade e ainda se dão ao luxo de se acompanharem por capangas, ostensivamente, em todo o Estado.

“Esses criminosos são os seguintes indivíduos: Deputado Claudenor Lima, Valdomiro Barbosa, seus irmãos Florival Barbosa e Djacy Barbosa, e o primeiro suplente de vereador pela UDN, elemento que me pareceu sempre suspeito e cuja inclusão, como candidato de nossa legenda, se consumou com meu declarado protesto e advertência de que essa escolha era uma ignomínia para nossa agremiação partidária. Com constrangimento, faço referência a essa particularidade porque tive de me curvar, no caso, à imposição dos demais companheiros de Diretório Municipal e o meu rompimento,  naquela oportunidade, poderia sofrer um desvirtuamento de interpretação. Infelizmente, meus prognósticos se confirmaram com o desenrolar dos fatos. Estou, portanto, de consciência tranquila quando fiz restrições à inclusão daquele nome na nossa legenda.

“Na exposição que fiz à Comissão de Senadores que esteve em Alagoas, declarei ter sido informado por D. Anita Tomé, residente em Arapiraca, que, logo após o assassinato do vereador Benício Alves de Oliveira, estiveram reunidos os Srs. Djacy Barbosa, Valdomiro Barbosa, Florival Barbosa e Lourenço Almeida, no consultório do primeiro, que é médico, instalado numa das dependências da residência de D. Anita Tomé, tramando, altas horas da noite, meu assassinato. O plano do meu assassinato foi tratado e delineado, depois que os referidos senhores se certificaram que a dona da casa estava dormindo e de que ninguém os ouvia. Eles haviam combinado com o Deputado Claudionor Lima meu extermínio e do vereador Benício Alves de Oliveira. O do último já havia sido consumado e naquela reunião estavam justamente deliberado mandar buscar um facínora, fora do Estado, para executar a missão. A denunciante se certificou, com o que pode ouvir da conversa, que o executante do crime seria o sogro de Ângelo Fernandes, comerciante de Arapiraca.  

“Após o regresso dos senadores, fui a Arapiraca, cidade que continua infestada de bandidos, a serviço das famílias Pereira e Barbosa. O Deputado Claudenor Lima, seus irmãos, Cláudio e Claudisbel, em automóveis e caminhões passaram, várias vezes, em frente de minha residência, com evidente propósito de intimidação. No dia 19 de novembro, recebi de D. Nair Fernandes, esposa do Sr. Ângelo Fernandes, uma carta (documento junto), na qual confessa  o depoimento de D. Anita Tomé, prometendo empenhar-se junto a seu pai para que não aceite a criminosa incumbência de meu assassinato de que lhe encarregariam meus inimigos, acima citados.

“Estou seguramente informado de que a referida carta foi ditada por D. Nair Fernandes e escrita por uma filha. Ao receber essa carta solicitei à Srta. Marili Vieira, pessoa de minhas relações, que fosse pedir a D. Nair Fernandes que me enviasse uma fotografia de seu pai, seu nome por extenso e o lugar onde reside. Aquela senhora atendeu minha solicitação, escrevendo o nome de seu pai em um pedaço de papel e o lugar onde mora, deixando, entretanto, de enviar a fotografia por não dispor, no momento, de um retrato dele, de tamanho pequeno.

“Não ignoro, portanto, a trama que está arquitetada contra minha vida. A impunidade e um crime gera outros crimes. Essa regra não poderia ter exceção em Alagoas. Ontem, era sacrificado o vereador Benício Alves de Oliveira e eu estou ameaçado do mesmo destino.

“O Senhor Governador foi e é conivente em todos esses crimes, de notória filiação política. Nem pode ele argumentar que não foi advertido, porque, por várias vezes, tive ensejo de prevenir, da Tribuna da Assembleia, a marcha dos acontecimentos do meu município.

“Estou agindo no cumprimento do mandato que me foi confiado pelo povo e tenho a consciência tranquila de não ter concorrido de nenhum modo para a desgraça política que pesa  sobre a Alagoas.

“Prefiro morrer com honra a viver sem ela. Não deixarei meu Estado, nem abandonarei minha família e o povo que me elegeu para que, amanhã, meus filhos não tenham vergonha de ouvirem falar de meu nome.

“Perdoem-me meus pais, minha esposa e meus irmãos por não lhes ter atendido no pedido para que me ausentasse de Alagoas.

“Estou convencido de que meus sofrimentos só terminarão quando meus adversários consumarem seus intentos criminosos.

“Se o ponto final dessa verdadeira tragédia  for, como tudo indica, minha eliminação pessoal, desejo, apenas, que minha família sofra com resignação e cuide de meus três filhinhos, a fim de que, mais tarde eles possam fazer, por Alagoas e pelo Brasil, o que não me foi possível realizar.

“Sei que esses crimes em meu Estado não serão punidos e que, depois de nós, outros tombarão. Tudo o que  está acontecendo, presentemente, em Alagoas, faz parte de um programa, friamente esquematizado.

“O sacrifício do saudoso vereador Benício Alves de Oliveira e o provável sacrifício de minha família não terão, certamente, o poder de emocionar o resto da nação, como o martírio do Major Rubens Vaz, mas valerão como etapas na rude caminhada do aperfeiçoamento dos nossos caminhos políticos.

“Essa, Sr. Presidente, a confissão que me senti com o dever de transmitir à Direção Central de meu Partido, pedindo a V. Exa. que, consumado meu assassinato, encaminhe esse relatório à Justiça.

“Cordialmente, - Marques da Silva, Médico e Deputado Estadual.”

 

(O autor desta carta, médico e deputado estadual por Alagoas, José Marques da Silva, foi assassinado em frente a sua residência, à praça Gabino Besouro, em Arapiraca (hoje praça Marques da Silva), dia 07 de fevereiro de 1957)

 

ARAPIRACA

MEMÓRIA VIVA

XII

 

O religioso

Monsenhor Epitácio Rodrigues é filho de Teotônio Melo e de D. Dolarice de Albuquerque Melo, sendo natural de Traipu. Nascido aos 18 de fevereiro de 1905, foi ordenado sacerdote em 24 de maio de 1931, em Maceió. Foi celebrante em Arapiraca a partir de 1935, tendo sido o primeiro pároco da Paróquia de Nossa Senhora do Bom Conselho, criada em 1944. Alí permaneceu  até o ano de 1979, quando renunciou. Faleceu em 1999 e está sepultado na Igreja de São Sebastião. Em sua homenagem, Arapiraca escreveu:

A MONSENHOR EPITÁCIO RODRIGUES

“18/02/1905  -  09/07/1999

“O reconhecimento e a gratidão do povo de Arapiraca, através do poder público municipal, por toda sua contribuição como servidor do “REINO” e como precursor do desevolvimento integral do Cidadão/Cristão.

“Arapiraca, 09 de agosto de 1999.

“Ao 30º dia de seu viver a salvação em Plenitude”.

 

ARAPIRACA

MEMÓRIA VIVA

XI

O educador

José Moacir Teófilo (1927)

A trajetória do Dr. Moacir Teófilo é tão extensa quanto importante, não só para os seus familiares, mas para o município que o adotou e que ele se apaixonou logo que chegou, em 02 de novembro de 1954, como interventor do Ginásio Cenecista N. S. do Bom Conselho (Ele nasceu no sítio Brejo, zona rural de Taquarana, antiga Canabrava). O seu espírito altruísta e de empreendedor educacional se fez valer, contribuindo com a fundação da Faculdade de Formação de Professores do 1o. e 2o. Graus do Agreste, hoje UNEAL. Ele também enveredou no progresso de desenvolvimento da cidade e foi sócio-fundador da Companhia Telefônica de Arapiraca, da Rádio Novo Nordeste AM e do Lions Club de Arapiraca. Também criou os Cursos de Direito e Análise de Sistema, extensão do CESMAC para o Colégio Bom Conselho de Arapiraca.

Como desportista, foi, algumas vezes, presidente do ASA, quando este era a Associação Sportiva de Arapiraca. E ingressou, também, na area da informação: dirigindo o semanário “Folha de Arapiraca”, que circulava aos sábados.

Sua competência na área educacional,  levou-o a assumir por duas vezes a Secretaria de Educação do Estado de Alagoas, nos governos Theobaldo Barbosa e José Tavares. Como bacharel em Direito e advogado, foi conselheiro da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) / Secção Alagoas, por 12 anos. Tanto trabalho e desprendimento teriam que ser reconhecidos. D. José Moacir Teófilo recebeu o Título de Cidadão de Arapiraca, e, recentemente, de Maceió; Honra ao Mérito da Faculdade de Professores de Arapiraca; Personalidade do Rotary Club de Arapiraca; Conselheiro Benemérito da OAB, e homenageado com uma sala no Fórum Dr. Orlando Manso, no município de Arapiraca. É membro da Academia Alagoana de Educação - ACALE. Grande alegria: a banda musical do CBC.

 

 

ALAGOAS - MEMÓRIA VIVA

HÁ 60 ANOS

PISTOLAGEM E MORTE NA ASSEMBLÉIA

*Manoel Ferreira Lira

            Tudo começou em 7 de fevereiro de 1957, sete meses e seis dias, antes. Às 21,30 horas, em frente a igrejinha de São Sebastião, já na praça Gabino Besouro, em Arapiraca, foi assassinado o deputado estadual Marques da Silva, cuja autoria intelectual foi imposta ao também deputado Claudenor de Albuquerque Lima.

            José Marques da Silva, médico,  tinha sido o deputado mais votado do estado, com 3.760 dos 7.400 eleitores do município de Arapiraca. Escolhido, em 1955  o 1o. vice-presidente da mesa diretora da Assembnléia, fazia parte da oposição ao governador Muniz Falcão, juntamente com outros 21 colegas parlamentares. A situação era constituída de 12 deputados.

            Acerca do assassinato do deputado arapiraquense, disse O GLOBO, diário do Rio de Janeiro, em em 18 de fevereiro de 1957:

“O CRIME DE ALAGOAS”

“O ato de banditismo, que na cidade de Arapiraca, em Alagoas, roubou a vida ao deputado oposicionista Marques da Silva, não é o único nem o primeiro, praticado neste País, por vindita partidária. Mas é de tal modo impressionante em seus antecedentes, em sua forma de execução, em suas múltiplas circunstâncias, que está destinado a acarretar as mais sérias consequências sobre a cabeça de seus autores ou corresponsáveis morais e políticos.

“Muitos dos nossos homens públicos do interior, não se querem convencer de que estamos na segunda metade do século XX, em plena era de transformações radicais, e continuam a orientar suas atividades partidárias pelos processos de violência contra as pessoas, de ameaça de supressão de liberdades para os oposicionistas. Esse regime não resiste nem pode resistir à reação que lhe opõe, sem distinções, a opinião pública, inteiramente hostil à sobrevivência das antigas senzalas para os brancos depois que ficaram despovoadas dos escravos negros".

 Após o assassinato, o governador Muniz Falcão disse ao coronel Murilo Luz, comandante da Polícia Militar de Alagoas: "Veja, coronel, que espécie de amigos eu tenho. Traem-me a confiança e expõem o nome do governo num crime monstruoso”.

 

SETE MESES APÓS

            Era o dia 13 de setembro. Uma tarde ensolarada. A partir das 15,30 horas, muitos parlamentares chegavam ao prédio da Asssembléia para mais uma dia de trabalho legislativo. Na pauta: leitura da ordem do dia, que constituía decreto de impeachment do governador Muniz Falcão, de autoria do deputado Oséas Cardoso.

            Pela praça D. Pedro II caminhavam lentamente em direção ao plenário da Assembléia os deputados Claudenor Albuquerque Lima, Aderval Tenório e Luiz Gaia, os três pertencentes à situação, isto é, defensores intransigentes do governador Muniz Falcão. Chegavam de terno, com grandes capas de chuva sobre os ombros, que encobriam revólveres e metralhadores conhecidas como "lourdinhas". Segundo o irmão, Djalma Falcão, em seu livro Episódios, o governador "teria pedido que sua bancada não comparecesse à sessão, entretanto, o deputado Humberto Mendes (PTN), seu sogro e líder do governo, discordava dessa posição". Disse mais Djalma Falcão: " Mendes e os deputados Claudenor Lima e Abraão Moura decidiram ir à Assembleia dispostos a “matar ou morrer” e não atenderem nem mesmo aos apelos do arcebispo de Maceió, D. Adelmo Machado, para que fossem desarmados. Portando metralhadoras, os três rumaram para a Praça D. Pedro II e, agitados, condenavam os golpistas, sob aplausos da multidão que se aglomerava no local em apoio ao governador".

            Lá dentro, entrincherados, deputados oposicionistas, como a antever a tragédia, estavam à espera. Édson Lins, com duas armas de fogo, Oséas Cardoso, Carlos Gomes de Barros, Antônio Gomes de Barros, José Onias, José Affonso de Melo, o senador pela Bahia, Juracy Magalhães (presidente da UDN nacional e também com arma em punho), todos esperavam o embate. Os deputados oposicionistas eram: Antônio Gomes de Barros, Carlos Gomes de Barros, Teotônio Vilela, Júlio França, Mário Guimarães, Geraldo Sampaio, Siloé Tavares, Oséas Cardoso, Otacílio Cavalcante, Virgílio Barbosa, José Onias, Lamenha Filho, Machado Lobo, Edson Lins, Herman Almeida, Arnaldo Paiva, João Toledo, Manoel Borges, José Affonso, Antenor Claudino, Antônio Malta e Antenor Serpa.

            Os que acompanhavam o governo de Muniz Falcão: Jorge Assunção, João Bezerra, Antônio Moreira, Abrahão Moura, Claudenor de Albuquerque Lima, Luiz Gaia, Ramiro Pereira, Humberto Mendes, Ulisses Botelho, Luiz Coutinho, Augusto Machado, Aderval Tenório e Luiz Rezende.

SEM PALAVRAS

            Assim que chegaram ao recinto do plenário, alí pelas 15,30 horas, silenciosamente, sem ao menos pronunciarem palavras, ou mesmos ruídos, os deputados da situação foram logo atirando a esmo. O jornalista Moreira Alves, ferido por bala de fuzil no fêmur, assim escreveu nas páginas do CORREIO DA MANHÃ, do Rio de Janeiro:

            “Cheguei às 6 da manhã de hoje, acompanhando o presidente da UDN. Imediatamente saímos a tomar contato com o ambiente político de Maceió, onde se vivia momentos de expectativa.

            "Reuniões se sucederam entre os líderes udenistas na casa do deputado Mário Guimarães, presidente da UDN local. O Palácio do Governo estava vazio de povo e cheio de homens armados.

            "O governador movimentou a cidade durante toda a manhã. A partir do meio dia passou a receber em Palácio. Às 15 horas a Polícia Estadual formou em frente ao edifício da Assembleia.

            "Os deputados da oposição se encontravam no recinto. Às 15,10 horas, deputados situacionistas liderados pelo deputado Claudionor Lima, subiram a escadaria vestidos de capas, sob as quais portavam metralhadoras. Penetraram imediatamente no recinto.

            "Nenhuma palavra chegou a ser trocada. Os deputados da situação abriram fogo imediatamente a esmo. Vários feridos. Impossível dizer número, pois figuro entre eles. De relance vi um deputado de terno escuro, de óculos, empunhando metralhadora sob a capa, que me afirmaram ser Claudenor Lima.

            "Vi o fogo da metralhadora, senti dor na perna e caí. Durante uma hora, juntamente com outros 4 feridos, abriguei-me atrás de 3 sacos de areia destinados a proteger a taquigrafia. Esperei socorro. As ambulâncias tiveram dificuldades em atravessar o cerca de cangaceiros, que ameaçavam o corpo médico com metralhadoras. Removido para o Pronto Socorro, foi diagnosticada fratura do fêmur. Meu estado geral bom. Reportagem encerrada. Marcio Alves”.

            UM TIRO

            Ferido pelas costas, um tiro matou o deputado Humberto Mendes, sogro do governador e um dos mais corajosos. Para o jornalista Rubens Jambo, foi da arma do deputado Virgílio Barbosa, que era de Limoeiro de Anadia, que saiu a bala que assassinou o oposicionista.

            Outros deputados, José Onias, Júlio França, José Affonso, Carlos Gomes de Barros (todos oposicionistas) também sairam feridos, além do jornalista Moreira Alves, do servidor da Assembéia Jorge Pinto Dâmaso (ferido na perna)  e do sargento Jorge José de Araújo, da PM, ferido na rua por uma rajada de metralhadora.

            "Gritos de dor e pânico ouviam-se nos quatro cantos da Câmara; tive a impressão de que muita gente estava morrendo à mingua de socorro. O fogo, aqui e ali, era interrompido, como se as munições tivessem se esgotado. Logo, porém, ouvia-se o barulho mecânico de reabastecimento das armas. Da rua, soldados atiravam indiscriminadamente, talvez para afastar o aglomerado de gente na praça, talvez para agravar, anda mais, o clima de tragédia e intranquilidade em Maceió.

            "Ao cabo de 40 minutos de batalha, nos limites precários de uma sala cheia de poltronas e mesas, distribuídas em planos diferentes, as metralhadoras e os revólveres silenciaram. Restavam os gemidos dos feridos e alguns gritos indefiníveis dentro e fora do prédio.

            "Aos poucos, o ambiente foi se clareando. Das saletas, surgiam pessoas, ainda de armas na mão, buscando a consciência exata das proporções da tragédia; das barricadas, especialmente na sala da Presidência, os deputados oposicionistas saíam, já em socorro dos feridos, todos estirados pelo chão, perdendo sangue. Encontrei nesse momento o Senador Juracy Magalhães que, aparentemente calmo e de revólver na mão, manifestou surpresa de ver alí, na encruzilhada de uma chacina, este repórter, seu velho conhecido de outras sessões parlamentares menos sanguinolentas na história política deste país. Iniciou-se, então, uma operação de busca e reconhecimento de feridos, sala por sala, esconderijo por esconderijo. Dessa empresa, participaram os deputados oposicionistas  Teotônio Vilela, Lamenha Filho, que é o presidente da Assembléia e Arnaldo Paiva. Foram, então, recolhidos o jornalista Moreira Alves, com um tiro na coxa direita (fratura do fêmur), os deputados José Onias,  José Afonso, Virgílio Barbosa, Antonino Malta e Carlos Gomes de Barros e o funcionário José Pinto Dâmaso; com um tiro na perna, foi socorrido, ainda, o sargento Jorge José de Araújo, da Polícia Militar, atingido, na rua, à entra da Câmara, por uma rajada de metralhadora" (trecho da reportagem de O CRUZEIRO, edição de 28 de setembro de 1957, de autoria do jornalista João Martins

O AFASTAMENTO

            Com o Exército nas ruas, a noite de 13 de setembro foi tranquila em Maceió, apesar de famílias, correligionários e o próprio governo do Estado lamentarem a morte do político e sogro do governador Muniz Falcão, deputado por Palmeira dos índios, Humberto Mendes. No dia seguinte, porém, o governo federal, através de decreto presidencial, decreta intervem no Estado de Alagoas, atendendo solicitação do próprio poder legislativo alagoano. Diz o decreto:

         "Decreto n. 42266 de 14/9/1957- Poder Executivo Federal (DOU de 15/9/1957)

            " Decreta a intervenção federal no Estado de Alagoas para assegurar o livre exercício dos poderes da Assembléia Legislativa.

            " O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando das atribuições que lhe conferem os arts. 7, nº IV, 9, § 1º, n II, 10 ,11 e 12 da Constituição,
            CONSIDERANDO que a Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas solicitou a intervenção federal no Estado, por se julgar impedida de exercer livremente os seus poderes;
            CONSIDERANDO que, a par desta solicitação, é notória a ocorrência de graves acontecimentos no próprio recinto da Assembléia Legislativa seguidos de atentados à vida e à pessoa de Deputados;
            CONSIDERANDO que, por esse motivo, a situação no Estado é de intranquilidade, capaz de gerar a subversão da ordem pública;
            CONSIDERANDO que, ao Governo Federal cabe garantir, mediante a intervenção, o livre exercício de qualquer dos poderes do Estado que estiver impedido de funcionar regularmente,
            CONSIDERANDO que a intervenção poderá ser parcial e com objetivo restrito:
            DECRETA:

            "Art.1º Fica decretada, pelo prazo de sessenta dias, a intervenção federal no Estado de Alagoas, para o fim de assegurar o livre exercício dos poderes da Assembléia Legislativa.
Parágrafo único. A intervenção não atingirá o livre exercício dos poderes dos órgãos judiciários, nem do Governador do Estado, o qual deverá, entretanto, prestar ao interventor toda a colaboração de que necessitar para o desempenho da sua missão.
            "Art. 2º O Presidente da República tornará efetiva a intervenção e nomeará o Interventor.
            "Art. 3º O Interventor tomará imediatas providências, a fim de garantir o livre exercício dos poderes da Assembléia Legislativa, e manter a ordem e a tranqüilidade publicas.
            "Art. 4º O Ministro da Justiça e Negócios Interiores baixará as instruções que se tornarem necessárias à fiel execução deste decreto.
            "Art. 5º Este Decreto entra em vigor na sua data, revogadas as disposições em contrário.
            "Rio de Janeiro, em 14 de setembro de 1957; 136º da Independência e 69º da República.
            JUSCELINO 
KUBITSCHEK

            NEREU RAMOS "

            O afastamento do governador Muniz Falcão, logo após o ato que decretou a intervenção em Alagoas, foi pacífico, tendo este passando o governo para o  vice, Sizenando Nabuco, que, em seguida, transferiu o poder para o o interventor, general Armando de Morais Âncora.

            Este ato, para os governistas, foi considerado como uma tática da oposição. De qualquer maneira, a presença de tropas federais em Alagoas representou a volta à tranquilidade na cidade de Maceió, principalmente do ponto de vista das garantias individuais, gerando uma pausa em mortes e assassinatos políticos.

            Sem dúvida, outras mortes e assassinatos ocorreram em Alagoas, por motivo de rixa, de vingança, familiar ou não, mas nenhuma envolveu tanta gente como a que ocorreu há 60 anos, dentro da Assembléia Legislativa.

*Jornalista e editor deste site

Corpo do Deputado Marques da Silva, assassinado em 07 de 

feverreiro, sendo autopsiado pelo médico Duda Calado.

Deputado Claudenor de Albuquer Lima, no inclemente 

sol de 13 de setembro, com grossa capa a lhe cobrir 

uma metralhadora "lourdinha". 

Corpo do Deputado Humberto Mendes, já morto, sendo 

carregado por servidores do IML.

Deputados Édson Lins, com duas armas, e Machado Lobo.

 

ALAGOAS - MEMÓRIA VIVA

ALAGOAS EM 1917

            Este ano, Alagoas comemora 200 anos de emancipação política de Pernambuco. Aqui, vamos remorar 100 anos dessa emancipação, com a publicação de seu primeiro mapa geopolítico e administrativo. O antigo Ministério de Viação e Obras Públicas, através da Inspetoria de Obras Contra a Seca, fez publicar o Mapa do Esatado de Alagoas, organisado pelo engenheiro Guilherme Lane.

           No referido Mapa de Alagoas encontram-se: cidades, vilas, povoações, fazedndas ou moradas e tinha os seguintes municípios: Água Branca, Piranhas, Paulo Afonso (hoje Delmiro Gouveia), Pão de Açúcar, Santana (hoje Santana do Ipanema, Piranhas, Palmeira dos Índios, Traipú, São Braz, Porto Real do Colégio, Triunfo (hoje Igreja Nova), Penedo, Piaçabuçú, Limoeiro, Junqueiro, Anadia, Viçosa, Vitória (hoje  Quebrangulo), Coruripe, São Miguel, Alagoas (hoje Marecvhal Deodoro), Pilar, Atalaia, Capela, Murici, União, São José da Lage, Leopoldina, Porto Calvo, Passo do Camaragibe, São Luís do Quitunde, Maragogy, Porto de Pedra e Maceió. À época, Alagoas possuía tão somente 07 poços perfurados, a saber: dois em Pão de Açúcar, doisem Piranhas e três em Penedo.

 

ARAPIRACA - MEMÓRIA VIVA X

João Lúcio da Silva - (1910/1985)

Durante os 90 anos de emancipação política de Arapiraca, o governo federal, através dos Correios, homenageou, juntamente com a prefeitura municipal, um dos maiores líderes com o lançamento de um selo: João Lúcio da Silva que, antes de ser senador da República, foi, por duas vezes, prefeito do município.

Órfão de mãe aos oito anos passou a ser criado com os oito irmãos menores, por seu tio Pedro Correia das Graças, um homem generoso e altruísta que acolheu os filhos de sua irmã numa hora difícil. Com essa idade João Lúcio teve que ir para roça com os irmãos mais velhos Manoel e José Lúcio de Melo, trabalhar alugado nas terras de João Nunes Magalhães para ajudar ao velho Salustiano dos Santos, a criar sua numerosa prole, já casado pela segunda vez.

Era na época da mandioca, em 1928 plantava-se ainda pouco fumo e a mão obra NASA casa de farinha era intensa, exigia muitos trabalhadores na fase da colheita. Aos quatorze anos, João Lúcio já derramava seu suor nas rodas da casa de farinha e foi uma criatura que não soube o que era infância e nem adolescência, conheceu somente o que era trabalho.

Em 1932, aos dezoito anos, tentando encontrar uma saída para aquela vida de sacrifício no trabalho alugado, arranjou um emprego na empresa de Antônio Apolinário, em substituição a seu primo Marciano Ferreira que perdera um braço num acidente e João Lúcio ficou em seu lugar. Nessa mesma fase, seu irmão José Lúcio Melo, conseguiu um emprego de balconista na loja de Luis Pereira Lima.

Mais adiante, no dia 22 de janeiro de 1936, João Lúcio contraiu matrimônio com Inês Nunes da Silva, uma prendada jovem filha de Antonio Nunes da Silva e Antônia Madalena da Conceição, ficando Inês órfã aos seis anos, passando a ser criada por seu tio Antonio Ventura, um pequeno comerciante que morava na rua do comércio e mantinha em sua guarda umas criações de cabras herdadas por Inês. Com o casamento seu pai adotivo vendeu as criações e comprou trinta tarefas de terra no sítio Cavaco, onde João Lúcio com muito sacrifício construiu uma casa de taipa, com a madeira que cortara na Serra da Mangabeira e onde o jovem casal passou residir.

A Essa altura, início da década de 40, João Lúcio aproveitando a especulação, passa a investir no comércio de fumo em corda e vai melhorando a cada ano a sua situação econômica, faturado com a mercearia onde José Cândido ajudava e armazenando o fumo para aproveitar a alta do preço do produto. Nasceram ainda no cavaco os filhos Narciso, Ana Alice Dulcineia, Felício e Florisval. Enquanto seu irmão José Lúcio de Melo em 1944, instala a “fábrica de charutos Lêda” e mais adiante, ingressa na política partidária e na eleição de 1947, elege-se vereador pela UDN, fazendo oposição ao prefeito Luis Pereira Lima, eleito pelo PSD, com o apoio do Governador eleito Silvestre Péricles de Góes Monteiro.

A essa altura, a família Lúcio não era vista com bons olhos pelos políticos da situação e a rivalidade se consolida com injusta prisão de José Lúcio da Silva e se agrava com o tiroteio ocorrido no Cartório do Tabelião João Ribeiro Lima em fevereiro de 1948.

João Lúcio permaneceu no sítio Cavaco, cuidando de suas atividades e para evitar confrontos, poucas vezes vem ao centro da cidade. Todavia, mantém-se a frente do reduto eleitoral, apoiando o irmão José Lúcio de Melo, líder da UDN na câmara de vereadores. Com a eleição de Claudenor Lima, em novembro 195 para Deputado Estadual, diversos membros da família Lúcio homens de índole pacifica, tiveram que se ausentar de Arapiraca, temendo ser assassinados. Em fevereiro 1954 o Deputado Claudenor Lima envolve-se no tiroteio com a polícia do Major Vicente Ramos e acusa os “Lúcio” de cúmplices.

Apesar desse clima de tensão, na eleição de 1954, os Lúcios conseguem eleger o Deputado Marques da Silva além de José Lúcio de Melo e seu primo José Pereira Lúcio – “Lucinho” como vereadores pela UDN. A política do município começa a tomar um novo rumo, com a renúncia do prefeito Dr. Coaracy da Mata Fonseca, que faz concurso para Juiz de Direito e se afasta da política. Como não havia vice-prefeito, assume o cargo de prefeito o presidente da Câmara Municipal, José Pereira Lúcio, em 15 de setembro de 1955.

Os dirigentes da UDN, liderados pelo deputado José Marques da Silva e pelo vereador José Lúcio de Melo (que mestre em articulações nos bastidores) numa manobra hábil retornaram o Prefeito interino José Pereira Lúcio para a Presidência da Câmara de Vereadores, formando assim a maioria no Poder Legislativo. Recurso este que foi usado para eleger o dentista Dr. José de Souza Guedes (que entrou na “fogueira”), para tomar a liderança do município dos políticos do PSD.

Para a eleição de novembro de 1955, a UDN lança João Lúcio da Silva como candidato a Prefeito de Arapiraca e apesar da violência instalada em vários pontos do Estado, o eleitorado de Arapiraca elegeu o “sizudo” João Lúcio da Silva para Prefeito do município de Arapiraca, para a gestão de 56 a 60, quando passa a residir na Praça Marques da Silva onde nasceu seu filho caçula Carlos Hamilton.

Em dezembro de 1956, foi assassinado o vereador Benício Alves de Oliveira e recrudesce a violência no município de Arapiraca. O Deputado Marques da Silva passa a denunciar da Tribuna da Legislativa Assembleia a morte do vereador e compadre Benício Alves e em fevereiro de 1957 foi trucidado em praça pública. Todavia, apesar do clima de violência que imperava em Arapiraca, o prefeito João Lúcio da Silva elegeu o vereador “Lucinho” para Deputado estadual em 1958 e em 1960, após o assassinato de Hugo Lima, em fevereiro, em novembro João Lúcio elegeu seu sucessor Francisco Pereira Lima para prefeito na gestão 1961 a 1965. Em 1962 elegeu José Lúcio de Melo para Deputado Estadual.

(dados: Arapiracalegal.wordpress.com)

ARAPIRACA - MEMÓRIA VIVA IX

Sociedade Musical União Arapiraquense (1908)

            Surgida nos idos de 1908, ainda quando Arapiraca pertencia ao município de Limoeiro de Anadia, por vontade de Esperidião Rodrigues, a Sociedade Musical União Arapiraquense sempre teve participação ativa nos festejos locais. Principalmente nas procissões em homenagem à padroeira Nossa Senhora do Bom Conselho, que ocorria sempre no dia dois de fevereiro.

            De início, era formada por filhos, sobrinhos e parentes do fundador Esperidião Rodrigues, tendo como maestro o mestre Vieira, originário do município de Traipú.; depois, recebia pessoas estranhas à família.

            Numa de suas primeiras formações, a Sociedade Musical União Arapiraquense teve como membros: Domingos Rodrigues de Macedo (conhecido como professsor Minguinho), Serapião Rodrigues, Juvêncio Rodrigues, Toinho Rodrigues, Júlio Rodrigueds, André Rodrigues, Virgílio Rodrigues, Gondim Rodrigueds, Jovino Cavalcante, Chico Leite, Alfredo Macedo, Firmo Magalhàes, Nezinho Gonzaga, Né Firmino, Toinho Firmino, Zuza Azarias, João Nunes de Magalhães, Rosendo Lerite, Laudelino Leite, Filadfelfo Macedo, Francisco Leite Cavalcante, João Magalhães (Dandão). É de se notar, pelos nomes aqui citados, que a família Rodrigues (de Esperidião Rodrigues) tinha grande ascendênciua na formação da União Arapiraquense.

            Após essa formação, muitas outras se sucederam, inclusive com a maestria de Jovino Cavalcante (que era mestre, maestro e compositor) e do naestro Araújo, vindo de Pernambuco.  

           Além de abrilhantar os festejos de Nossa Senhora do Bom Conselho, a Sociedade Musical União Arapiraquense, cuja sede por muito tempo, ficava na hoje rua vereador Benício Alves, no bairro de Cacimbas,  onde também particvipava de eventos festivos em homenagem a Santo Antônio, padroeiro daquela localidade.

Outra denominação

            No final da década de 1940 e início dos anos 50, os irmãos Lúcio - José Lúcio de Melo e Manoel Lúcio da Silva - realizaram diversas campanhas para manter viva a banda de música, adquirindo instrumental básico, inclusive com a contratação do citado maestro Araújo. Em 1952, José Lúcio de Melo, presidente do Clube dos Fumicultores (que foi fundado por seu irmão Manoel Lúcio da Silva), convida o maestro Nelson Soares Palmeira, de Traipú, para assumir a regência.

            A partir desta data, a Sociedade Musical União Arapiraquense, fundada em 1908, passa a se chamar Banda de Música do Clube dos Fumicultores, situado na avenida Rio Branco, que passou a ser também sede musical. Com Nelson Palmeira, a banda toma novo impulso: disciplinador, com bom conhecimento instrumental e musical, o maestro logo elevou o prestígio da banda  de música, formada principalmente por jovens arapiraquenses. Vale aqui lembrar os idos de 1953, quando a banda foi convidada a participar dos festejos de emancipação política do município pernambucano de Bom Conselho.

       

 

ARAPIRACA - MEMÓRIA VIVA

VIII

OS NOTÁVEIS

*Eli Mário Magalhães Moraes

Manoel Ferreira Lira

 

Uma homenagem ao conjunto  OS NOTÁVEIS, que, nos anos 60/70, souberam engrandecer os araoiraquenses através de músicas de época. Na foto acima, do avervo de Eli Mário Magalhães Moraes, Edson Rocha Ferro, Eraldo Magalhães e um dos Dulles; abaixo, a contra-capa do primeiro compacto disco do conjunto.

* Parte do livro ARAPIRACA - MEMÓRIA VIVA, dos autores, a ser lançado este ano.

 

ARAPIRACA - MEMÓRIA VIVA VII 

A EMANCIPAÇÃO

* Eli Mário Magalhães Moraes

Manoel Ferreira Lira

            É necessário frisar que, antes de se tornar município, Arapiraca  tornou-se distrito em 1892, com cartório de registro civil (para registros de nascimento, casamentos civis, certidões de óbitos) e uma sub-delegacia de polícia. Tudo isto ocorreu logo após a Proclamação da República, com a nova Constituição do Brasil, de 1891.  O distrito de Arapiraca teve como seu primeiro Juiz de Paz José Francisco da Silva Goes, que também ocupou o cargo de sub-delegado de polícia, e como escrivão do Registro Civil Manoel Apolinário da Silva (neto de Manoel André Correia dos Santos).

            A Emancipação Política de Arapiraca deu-se, entretanto, em 30 de maio de 1924, com o governador Fernandes Lima sancionando a Lei no. 1009/1924 (a publicacão da lei deu-se no Diario Oficial de 31/5/1924, primeira pásgina).  Essa emancipação, porém, somente é comemorada todo ano no dia 30 de outubro, quando da posse da Junta Governativa, nomeada que foi pelo governador Costa Rego, através de Ato publicado no Diário Oficial de 18 de outubro, página 2.

            Como a lei que criou o município de Arapiraca não era auto regulamentável, necessário houve que o governo de Alagoas (já com Costa Rego como governador) , considerando que a Lei no. 1009/1924 "não determina quais os poderes competentes para apurarem as eleições, expedirem diplomas, reconhecerem e empossarem os membros da administrtação municipal; considerando mais que o município, uma vez criado, não poderá ficar privado de sua administraçào própria; e, considerando, finalmente, que a Constituiçào e as leis estaduais não regulam a espécie e, de acordo com o número 2 do art. 50 fa mesma Constituição, compete ao Governador expedir decretos, regulamentos e instruções para filei execuçào das leis, Decreta: " (Decreto no. 1078, de 17 de maio de 1924, DO 18/5/24, p. 2).

            Foi, então, regulamentada a lei  criadora do município de Arapiraca. No mesmo diário oficial, o governador nomeia a primeira Junta Governativa de Arapiraca.

            Eis o Ato governamental: "O Exmo. Snr. Governador do Estado, por actos de hontem, e de acordo com o art. 1o. do Decreto n. 1078, de hontem mesmo datado, nomeou os cidadãos Domingos Rodrigues, Olegário Cavalcante, Francisco Magalhães, Aprigio Jacintho, Antonio Appollinario, Antonio Ribeiro, Pedro Lima, José Pereira Sobrinho, Tiburcio Valeriano e Cicero Gonzaga, membros da Junta Governativa do Municipio de Arapiraca, creado pela Lei n. 1009, de 30 de maio do corrente anno" (escrito conforme o original).

O telegrama:

            Assim que sancionou a lei, o governador Fernandes Lima encaminhou telegrama a Esperidião Rodrigues, nos seguintes termos:

Cel. Esperidião Rodrigues da Silva
Arapiraca Limoeiro
Acabo sancionar Projeto Lei criando município de Arapiraca, com cuja população laboriosa, adiantada e progressista me congratulo por intermédio amigo, grande incansável paladino dessa conquista que representa ato de justiça aos poderes públicos e a um povo que se levanta por si próprio, que tem iniciativa e que progride.
Cordiais Saudações
Ass. Fernandes Lima- Governador do Estado
.

            O telegrama é datado de 30 de maio de 1924.

 

            Apesar de não fazer parte da primeira Junta Governativa, Esperidião Rodrigues foi, sem sombra de dúvidas, o principal baluarte na luta pela emancipação de Arapiraca. Nascido no povoado de Cacimbinhas, em 16 de julho de 1858, era filho de José Veríssimo dos Santos/Ana Maria da Silva Valente, portanto, sobrinho do fundador Manoel André Correia dos Santos. Foi, durante os 85 anos de vida, casado três vezes: (primeira) com Joana Belarmina de Macedo, em 1875; (segunda) com Balbina Farias de Melo em 1897; (terceira) com Maria Rodrigues, em 1936.

            Esperidião Rodrigues, a maior liderança pela emancipação política de Arapiraca, foi morador inicialmente onde hoje é o bairro de Cacimbas, foi comerciante.  Fundou, em 1888, "a feira de Arapiraca; em 1892, foi escolhido presidente do Conselho da Vila de Limoeiro; neste mesmo ano, conseguiu do governo do Estado de Alagoas a criação do Cartório do Registro Civil e de Óbitos, além de uma agëncia dos Correios para o povoado; fundou, também, a Sociedade Musical "União Arapiraquense".

            "Em 1915 foi nomeado pelo governador, Cel. Clodoaldo da Fonseca, Intendente da Vila de Limoeiro de Anadia, onde permaneceu até 1918; Foi convocado, em 1924, para liderar a luta pela emancipação política de Arapiraca. Sua luta maior foi com o Secretário da Fazenda de Alagoas, Castro de Azevedo, que era tenazmente contra a emancipação"(do livro .

Cronologia depois da Emancipação:

17/10/1924 – O jornalista Pedro da Costa Rego nomeia a primeira Junta Governativa de Arapiraca;

07/01/1925 – Leitura do termo de posse pelo juiz Dr. Medeiros, da cidade de Palmeira dos Índios (para onde passou o Distrito de Arapiraca);

07/01/1925 – Esperidião Rodrigues é eleito prefeito da Vila Arapiraca, tendo como vice José Zeferino de Magalhães e governaram até 08/01/ 1928;

Em 1930 – Esperidião Rodrigues é reeleito  prefeito de Arapiraca tendo como vice Antônio Romualdo e governaram até 1932.

 

Prefeitos eleitos de Arapiraca

 

1- em 07/01/1925 - Esperidião Rodrigues (vice - José Zeferino de Magalhães);

2- em 08/01/1928 - José Gomes Correia (vice - João Ferreira de Albuquerque);

3- em 08/06/1928 - João Ribeiro Lima (vice - João Ferreira de Albuquerque); 

4-  em     07/09/1930    -   Esperidião Rodrigues (vice - Antônio Romualdo da Silva.

            A partir de 1930, com a Revolução de 30, os intendentes  nomeados

 tiveram mandatos temporários, conforme interesses dos interventores estaduais. Assim, Arapiraca teve os seguintes intendentes nomeados:

            - Manoel Firmino Leite, de 26/7/1932 a 08/02/1933;

            - Pedro Barbosa da Silva, de 08/02/1933 a 13/03//1933;

            - Manoel Lúcio Correia, de 13/03/1933 a 18/8/1934;

            - Pedro Barbosa da Silva, de 18/8/1934 a 04/10/1934;

            - Guilherme Moreira, de 04/10/1934 a 08/01/1936;

            - Aprígio Jacinto da Silva, de 08/01/1936 a 10/01/1937;

            - Genésio Rodrigues da Silva, de 11/01/1937 a 16/12/1937 (o último intendente).

            Com decreto do governo Vargas (Estado Novo), as vilas administrativas seriam sedes dos municípios, passando a serem governados por prefeitos. Domingos Mota Acioli, em 17/12/1937, foi o primeiro prefeito nomeado pelo interventor Orman Loureiro. Governou até 1940.

Outros interventores

            Após Domingos Mota Acioli, Arapiraca teve como prefeitos nomeados:

            - Genésio Rodrigues, 28/12/1940 a 26/3/1941;

            - Manoel Leal, 27/3/1941 a 02/02/1945;

            - João Ribeiro Lima, de 03/02/1945 a 10/5/1947;

            - Afonso Galvão, de 11/5/1947 a 05/8/1947;

            - Gaspar Vieira de Melo, de 05/8/1947 a 31/01/1948 (o último interventor).

*Parte do livro ARAPIRACA - MEMÓRIA VIVA, dos autores citados, a ser lançado este ano.

ARAPIRACA – MEMÓRIA VIVA VI

 

JOSÉ CARMO DE 

*1932 + 2017

Eis o relato do arapiracalegal.word.press.com acerca de J. Sá:

 

“José Carmo de Sá, nasceu na cidade de São  Miguel dos Campos/AL, no dia 25 de outubro de 1932. Filho de José Ferreira de Sá e de D. Otília Rodrigues de Sá. Ele filho de Hipólito Ferreira de Sá e D. Bertulina Maria da Conceição. Ela , filha do Barão de Anadia, João Rodrigues de Amorim e Senhorinha Maria da Conceição.

 

José Carmo de Sá chegou a  Arapiraca (AL),  em 1940. Sua família fixou residência, na Rua Aníbal Lima em frente a residência do então Prefeito Domingos de Aciolle  Mota e vizinho do ex-prefeito Luiz Pereira Lima.

 

Em Arapiraca, o Pai José Ferreira de Sá, instalou a primeira barbearia da cidade e ficou conhecido como “Zeca Barbeiro”, que exercia também a profissão de relojoeiro, também o primeiro da cidade.

 

José de Sá, iniciou os estudos no antigo Grupo Escolar Adriano Jorge e Colégio Instituto São Luis, atual Colégio Rosa Mística. Cursou o Artgo 91 no Colégio Guido de Fontgalan em Maceió/AL. Curso de Radiotécnico  através do Instituto Radiotécnico Monitor. Curso de Fotografia,  Desenho Artístico e Publicitário,  através do Instituto Universal Brasileiro.

Em 1949, mudou-se para a Praça Manoel André, vizinho da Empresa Força e Luz, companhia elétrica da época (Empresa do Sr. Valdomiro Barbosa) , onde seu pai mudou para outra  atividade comercial,  instalando uma  mercearia, tendo a frente da gerência José de Sá, que veio também agenciar o comércio de jornais e revistas.

Representando os Jornais: Jornal do Comércio, Folha de São Paulo, a Revista O Cruzeiro, e várias revistas para o público infantil tal como: O Guri  e  gibis diversos.  Pela  primeira vez a gurizada arapiraquense teve acesso as referidas revistas.

 

 COMUNICAÇÕES

 

José de Sá surgiu nas comunicações em 1952, na inauguração do “Cine Trianon”.

 

O “Cine Trianon” instalou um serviço de alto-falante na fachada do prédio que funcionava até a hora da sessão cinematográfica, anunciando o filme do dia. O locutor oficial era um rapaz analfabeto, conhecido por Elói, que era muito criticado por falar errado, e até ler os nomes dos artistas e os títulos das músicas completamente diferentes. Convidado para fazer um teste, José de Sá que dominava bem os idiomas Inglês, Espanhol e Italiano foi logo contratado pelo Sr. José Ferreira Barbosa, vereador na época e um dos proprietários do “Cine Trianon”. Nesta data ele iniciou como locutor. Seis meses depois foi convidado pelo Sr. José Gondim, técnico de rádio, que instalava um serviço de som na Festa de Nossa Senhora do Bom Conselho, ouvindo-o falar ficou entusiasmado. Foi um grande sucesso no momento. Gondim resolveu instalar um serviço permanente na cidade, espalhando várias cornetas (projetores de som) nas ruas principais. O serviço de alto-falante Tupan, prestava um trabalho útil na cidade, com divulgações de comerciais, notas sociais, utilidade pública e até crônicas. 

 

O diretor da Rádio Difusora de Alagoas, a única estação de rádio do Estado, passando em Arapiraca, ficou empolgado com a voz de José de Sá, convidando-o para ir a Maceió/AL para fazer parte da equipe da pioneira do Estado. 

 

Partiu José de Sá para Maceió, seis meses de trabalho com sucesso. Certo dia ao chegar em casa encontrou um telegrama, chamando-o com urgência para falar com o Sr. Euzébio, gerente do Banco da Lavoura de Minas Gerais. Ao chegar em Arapiraca ficou surpreso, pois o banco queria financiar a compra do serviço de alto-falante do Sr. Gondim que não mais funcionava na Cidade, na ausência de José de Sá. O Sr. Euzébio era um entusiasta incentivador da carreira do artista. O financiamento foi feito e o serviço de alto-falante voltou a funcionar, agora com José de Sá como proprietário. 

 

LINHA DO TEMPO

 

1955 – Passou de alto-falante para uma rádio local licenciada pelos Correios e Telégrafos;

 

1962 – Mudança de nome para “Rádio Arapiraca”;

 

1964 – Foi convidado para dirigir a “Rádio Cultura” de propriedade do então Deputado Claudenor Lima, que comprou a aparelhagem e a discoteca de José de Sá. A Rádio era clandestina e fechou na época da ditadura militar;

 

1966 – Foi convidado para dirigir a “Antena de Publicidade”, outra estação clandestina, na gestão de João Lúcio;

 

1976 – Foi convidado para a “Rádio Novo Nordeste AM – 570”, onde apresenta o Programa “Nos Braços da Saudade”.

 

OUTRAS ATIVIDADES

 

José de Sá é folclorista: ensaiou vários pastoris na década de 1950. É poeta e cantor com vários discos gravados.
Atualmente está com o Stúdio José de Sá, instalado na rua Domingos Correia – Onde funciona gravadora particular; atelier de pintura; aulas de pintura e música; galeria de arte com os trabalhos expostos, inclusive os quadros premiados.

 

 

ARTES PLÁSTICAS

 

 Iniciou artes plásticas, sendo  autodidata . Foi aluno do pintor alemão Raimund Brístor, em Maceió/AL.

 

 

PARTICIPAÇÕES E PREMIAÇÕES

 

* 1ª. Exposição no Liceu de Artes e Ofício – Maceió /AL;

 

* 3º. Salão da Juventude – Colégio Guido de Funtgalan – Maceió;

 

* Exposição de Novatos – Hall do Teatro Deodoro – Maceió;

 

* Exposição individual – Câmara Municipal de Arapiraca/AL;

 

* 1967 – Primeiro Salão de Artes de Arapiraca ( Primeiro lugar ), na exposição, recebeu a “Taça Alonso de Abreu Pereira”;

 

* 1969 – Segundo  Salão de Artes de Arapiraca ( Primeiro lugar ), “Taça Jornal de Alagoas”;

 

* 1970 – Terceiro Salão de Artes de Arapiraca ( Primeiro lugar  ), “Taça Câmara Junior de Arapiraca”;

 

* 1971 – Quarto Salão de Artes de Arapiraca ( Primeiro lugar ), “Taça Gazeta de Alagoas”;

 

* 1971 – Exposição Coletiva ‘”Museu Histórico de Alagoas”, menção honrosa com a tela “Pavão Misterioso”;

 

* 1972 – Exposição coletiva,  Festival de Artes  / Marechal Deodoro-AL; 

 

* 1973 – Exposição coletiva,  Festival de Artes   / Marechal Deodoro-AL;

 

* 1980 – Exposição individual  “Galeria Virgílio Maurício” / Arapiraca-AL, promovida pelo Colunista Social Niraldo Barbosa e

 

* 1982 – Exposição individual “Galeria Virgílio Maurício” / Arapiraca-AL ,

promovida pelo Colunista Social Niraldo Barbosa.

 

Telas Adquiridas em Arapiraca:

 

D. Almira Fernandes, D. Nitinha, D. Nina Vital, Prof. Judite Fernandes, Vânia Fragoso, Samuel Aquino, Jailde Barbosa, D. Edite Barbosa, Dr. Reginaldo José, Dr. Geraldo Cajueiro, Dr. Geraldo Cajueiro Filho, Dr. Sebastião Cãndido, Prof. Lizete França, entre outras vendidas nas exposições.

 

José de Sá, produziu durante 50 anos 4.680 telas, entre paisagens e figurativas.

 

Teatro

 

Teatrólogo e dramaturgo, participando da dramaturgia alagoana, junto de Pedro Onofre de Araujo, escreveu 8 peças e montou os maiores espetáculos de Arapiraca/AL.

 

Peças

 

* 1960 – Encenação da Peça “Deus Lhe Pague” , de Noracy Camargo / Palco do “Cine Leão” ( primeiro cinema de Arapiraca );

 

* 1961 – Encenação da Peça “A Virgem de Fátima” ( alunas do Colégio São Francisco de Assis / Palco do “Cine Trianon”;

 

* 1962 – Encenação da Peça “Coração de Mãe” ( Participação especial do saudoso Prof. Benildo Medeiros Barbosa ), peça escrita e dirigida por ” José de Sá ” / Apresentada no palco do Clube Municipal de Arapiraca ( atualmente Escola Municipal Hugo José Camelo Lima – “Escola Hugo Lima”;

 

1963 – Encenação da Peça “Uma Canção Para Nancy” , destaque para Marilene Wanderley, José Barbosa das Neves, Prof. Benildo Barbosa . Peça escrita e dirigida por José de Sá / Apresentada no palco do “Cine Trianon” ;

 

* 1969 – Direção e montagem do clássico de Ariano Suassuna “Auto da Compadecida”.

 

Elenco ( “Auto da Compadecida” ):

Everaldo Maia, Reginaldo José, Flaudízio Barbosa, Lurdes Leão, José Barbosa das Neves – “Babosinha “,  Sebastião Cándido, José Ventura e Felina Soares / Peça apresentada no palco do Cine Trianon.

Zé de Sá Retorna Com o Programa Nos Braços da Saudade

Por Cláudio Roberto

 

Depois de muitos anos afastado, literalmente dos microfones, o radialista José de Sá, que na década de 1970, mas precisamente em 1976, iniciou as suas atividades radiofônicas em uma emissora oficial: Rádio Novo Nordeste AM, de Arapiraca/AL, onde alguns anos depois veio a assumir o cargo de diretor artístico, retorna aos microfones da NN.

 

Com um dos mais autênticos programas dedicados a nostalgia, o Nos Braços da Saudade, que tocava músicas de Nelson Gonçalves, Ataulfo Alves, Lupicínio Rodrigues, Altemar Dutra, Ângela Maria, Dalva de Oliveira, Vicente Celestino e outros artistas da Velha Guarda, retorna a apresentar o seu programa na próxima segunda-feira, 18 de setembro, pela Rádio Novo Nordeste AM, de Arapiraca/AL.

 

De acordo com o radialista José de Sá, o programa Nos Braços da Saudade, terá uma roupagem nova, trazendo como novidades as crônicas escritas pelo radialista Cláudio Roberto, pelo jornalista Bráulio Leite Júnior e pelo escritor e escultor Zezito Guedes.”O programa não terá grandes transformações. Irá continuar revivendo os grandes nomes acima citados e dar continuidade a um trabalho que leve a uma grande repercussão”, enfatizou o radialista José de Sá.

 

Agradeço á direção da Rádio Novo Nordeste AM, hoje sob o comando geral de Ernande Almeida, que depois de muitos anos me proporciona a oportunidade de poder fazer aquilo que sempre fiz, que foi apresentar programas em emissoras de rádio e me comunicar com as pessoas”, afirma o veterano comunicador José de Sá, lembrando que vai se dedicar de corpo e alma para transformar as noites arapiraquenses em noites alegres e, em boas companhias por intermédio da música, através das vozes dos artistas ali selecionados.

 

Ainda, de acordo com ele, o ouvinte vai ter a oportunidade de viver e reviver momentos de nostalgia através de grandes intérpretes do cancioneiro brasileiro, que até os dias atuais, ainda fazem sucesso, tanto no rádio como na televidão, garantiu o radialista José de Sá.

 

[ Fonte: Revista “Xereta”, setembro/outubro de 2008" 

Uma Homenagem a Alagoas Colonial

Penedo

Festa da Abolição, Penedo, Alagoas(1888). Foto Adolpho Lindemann.

Penedo, Alagoas(1888). Foto Adolpho Lindemann.

Rua do Comércio, Penedo, Alagoas(1888). Foto Adolpho Lindemann.

Feira perto do Trapiche, Penedo, Alagoas(1888). Foto Adolpho Lindemann.

PIRANHAS

 Casa do Dr. Mendonça (foto de 1888)

O outro lado do rio São Francisco, em Piranhas (foto de 1888)

Feira de Piranhas (foto de 1888)

Panorama dos Montes, Piranhas (foto de 1888)

ARAPIRACA - MEMÓRIA VIVA V

O HINO

 

Pedro de França Reys (1907/1975)

 

Filho de Igreja Nova, onde nasceu em 1907. Como professor estadual e ex-seminarista foi nomeado para dar aula no grupo escolar Adriano Jorge, conquistando a simpatia e a confiança do povo de Arapiraca. Era austero, porém gentil. Em 1943, deixou de ser professor estadual, fundando o Instituto São Luiz e, com o apoio de um jovem arapiraquense, Manoel de Oliveira Barboza,  tornou-o um estabelecimento de primeira grandeza no ensino primário. Participou ativamente da vida cultural de Arapiraca, sendo autor da letra do Hino de Arapiraca e do Hino do ASA, além de várias páginas literárias. Inúmeros arapiraquenses passaram pelas bancas do instituto São Luiz, hoje uma simples lembrança.

 

Nelson Palmeira

Nascido em Traipu. Viveu sua vida quase toda em Arapiraca. Foi o autor da música do Hino de Arapiraca. Saxofonista da Banda da Polícia Militar, chegou em Arapiraca  em 1952, onde fundou a Banda Musical da cidade, depois a orquestra de bailes do Clube dos Fumicultores. O maestro Nelson Palmeira também fundou os conjuntos “NP7” (sigla de Nelson Palmeira e os 7 Músicos) e os “Notáveis”, grupo musical que fez bastante sucesso em Alagoas, nos anos 1960. Tinha bastante cuidado com seus músicos na famosa Banda de Música Municipal. “Cuidado, não quero ninguém fora do tom. Prestem atenção nas partituras”, dizia ele, apontando para um pedestal que ficava logo a sua frente quando estava regendo a bandinha. Os grandes carnavais de Arapiraca, nas décadas de 1970, 80 e 90, o Maestro Nelson Palmeira, com a sua bandinha de Frevo, animava os foliões e as noites de Frevo nos clubes da cidade.

ARAPIRACA - MEMÓRIA VIVA IV        

 

Introdução

O trabalho dos jornalistas Eli Mário Magalhães Moraes e Manoel Ferreira Lira acerca da memória de Arapiraca visa oferecer conhecimento do nascimento, crescimento e desenvolvimento desta terra, antes um planalto e hoje o maior município do Estado, que completará 93 anos de emancipação política. Seus filhos, naturais e adotivos, continuam elevando a terra conhecida como de Manoel André,  fundador e primeiro a acreditar em sua pujança. Foram compilados trabalhos e pesquisas  de historiadores e estudiosos do município, como Valdemar Oliveira de Macedo e Zezito Guedes, entre outros,  conhecedores profundos do povo e das terras desta parte de Alagoas.

 

Em cada edição serão apresentadas figuras que, de uma forma ou outra, elevaram Arapiraca. 

 

IV

 

Governador Fernandes Lima, que sancionou a lei que emancipou Arapiraca, 

em 30 de maio de 1924.

 

A Emancipação

            É necessário frisar que, antes de se tornar município, Arapiraca  tornou-se distrito em 1892, com cartório de registro civil (para registros de nascimento, casamentos civis, certidões de óbitos) e uma sub-delegacia de polícia. Tudo isto ocorreu logo após a Proclamação da República, com a nova Constituição do Brasil, de 1891.  O distrito de Arapiraca teve como seu primeiro Juiz de Paz José Francisco da Silva Goes, que também ocupou o cargo de sub-delegado de polícia, e como escrivão do Registro Civil Manoel Apolinário da Silva (neto de Manoel André Correia dos Santos).

            A Emancipação Política de Arapiraca deu-se, entretanto, em 30 de maio de 1924, com o governador Fernandes Lima sancionando a Lei no. 1009/1924 (a publicação da lei deu-se no Diário Oficial de 31/5/1924, primeira página).  Essa emancipação, porém, somente é comemorada todo ano no dia 30 de outubro, quando da posse da Junta Governativa, nomeada que foi pelo governador Costa Rego, através de Ato publicado no Diário Oficial de 18 de outubro, página 2.

            Como a lei que criou o município de Arapiraca não era auto regulamentável, necessário houve que o governo de Alagoas (já com Costa Rego como governador) , considerando que a Lei no. 1009/1924 "não determina quais os poderes competentes para apurarem as eleições, expedirem diplomas, reconhecerem e empossarem os membros da administração municipal; considerando mais que o município, uma vez criado, não poderá ficar privado de sua administração própria; e, considerando, finalmente, que a Constituição e as leis estaduais não regulam a espécie e, de acordo com o número 2 do art. 50 fa mesma Constituição, compete ao Governador expedir decretos, regulamentos e instruções para filei execução das leis, Decreta: " (Decreto no. 1078, de 17 de maio de 1924, DO 18/5/24, p. 2).

            Foi, então, regulamentada a lei  criadora do município de Arapiraca. No mesmo diário oficial, o governador nomeia a primeira Junta Governativa de Arapiraca.

            Eis o Ato governamental: "O Exmo. Snr. Governador do Estado, por actos de hontem, e de acordo com o art. 1o. do Decreto n. 1078, de hontem mesmo datado, nomeou os cidadãos Domingos Rodrigues, Olegário Cavalcante, Francisco Magalhães, Aprigio Jacintho, Antonio Appollinario, Antonio Ribeiro, Pedro Lima, José Pereira Sobrinho, Tiburcio Valeriano e Cicero Gonzaga, membros da Junta Governativa do Municipio de Arapiraca, creado pela Lei n. 1009, de 30 de maio do corrente anno" (escrito conforme o original).

O telegrama:

            Assim que sancionou a lei, o governador Fernandes Lima encaminhou telegrama a Esperidião Rodrigues, nos seguintes termos:

Cel. Esperidião Rodrigues da Silva
Arapiraca Limoeiro
Acabo sancionar Projeto Lei criando município de Arapiraca, com cuja população laboriosa, adiantada e progressista me congratulo por intermédio amigo, grande incansável paladino dessa conquista que representa ato de justiça aos poderes públicos e a um povo que se levanta por si próprio, que tem iniciativa e que progride.
Cordiais Saudações
Ass. Fernandes Lima- Governador do Estado
.

            O telegrama é datado de 30 de maio de 1924.

 

            Apesar de não fazer parte da primeira Junta Governativa, Esperidião Rodrigues foi, sem sombra de dúvidas, o principal baluarte na luta pela emancipação de Arapiraca. Nascido no povoado de Cacimbinhas, em 16 de julho de 1858, era filho de José Veríssimo dos Santos/Ana Maria da Silva Valente, portanto, sobrinho do fundador Manoel André Correia dos Santos. Foi, durante os 85 anos de vida, casado três vezes: (primeira) com Joana Belarmina de Macedo, em 1875; (segunda) com Balbina Farias de Melo em 1897; (terceira) com Maria Rodrigues, em 1936.

            Esperidião Rodrigues, a maior liderança pela emancipação política de Arapiraca, foi morador inicialmente onde hoje é o bairro de Cacimbas, foi comerciante.  Fundou, em 1888, "a feira de Arapiraca; em 1892, foi escolhido presidente do Conselho da Vila de Limoeiro; neste mesmo ano, conseguiu do governo do Estado de Alagoas a criação do Cartório do Registro Civil e de Óbitos, além de uma agência dos Correios para o povoado; fundou, também, a Sociedade Musical "União Arapiraquense".

            "Em 1915 foi nomeado pelo governador, Cel. Clodoaldo da Fonseca, Intendente da Vila de Limoeiro de Anadia, onde permaneceu até 1918; Foi convocado, em 1924, para liderar a luta pela emancipação política de Arapiraca. Sua luta maior foi com o Secretário da Fazenda de Alagoas, Castro de Azevedo, que era tenazmente contra a emancipação"(do livro .

Cronologia depois da Emancipação:

17/10/1924 – O jornalista Pedro da Costa Rego nomeia a primeira Junta Governativa de Arapiraca;

07/01/1925 – Leitura do termo de posse pelo juiz Dr. Medeiros, da cidade de Palmeira dos Índios (para onde passou o Distrito de Arapiraca);

07/01/1925 – Esperidião Rodrigues é eleito prefeito da Vila de Arapiraca, tendo como vice José Zeferino de Magalhães e governaram até 08/01/ 1928;

Em 1930 – Esperidião Rodrigues é reeleito  prefeito de Arapiraca tendo como vice Antônio Romualdo e governaram até 1932.

 

Prefeitos eleitos de Arapiraca

 

1- em 07/01/1925 - Esperidião Rodrigues (vice - José Zeferino de Magalhães);

2- em 08/01/1928 - José Gomes Correia (vice - João Ferreira de Albuquerque);

3- em 08/06/1928 - João Ribeiro Lima (vice - João Ferreira de Albuquerque); 

4-  em     07/09/1930    -   Esperidião Rodrigues (vice - Antônio Romualdo da Silva.

            A partir de 1930, com a Revolução de 30, os intendentes  nomeados

 tiveram mandatos temporários, conforme interesses dos interventores estaduais. Assim, Arapiraca teve os seguintes intendentes nomeados:

            - Manoel Firmino Leite, de 26/7/1932 a 08/02/1933;

            - Pedro Barbosa da Silva, de 08/02/1933 a 13/03//1933;

            - Manoel Lúcio Correia, de 13/03/1933 a 18/8/1934;

            - Pedro Barbosa da Silva, de 18/8/1934 a 04/10/1934;

            - Guilherme Moreira, de 04/10/1934 a 08/01/1936;

            - Aprígio Jacinto da Silva, de 08/01/1936 a 10/01/1937;

            - Genésio Rodrigues da Silva, de 11/01/1937 a 16/12/1937 (o último intendente).

            Com decreto do governo Vargas (Estado Novo), as vilas administrativas seriam sedes dos municípios, passando a serem governados por prefeitos. Domingos Mota Acioli, em 17/12/1937, foi o primeiro prefeito nomeado pelo interventor Osman Loureiro. Governou até 1940.

Outros interventores

            Após Domingos Mota Acioli, Arapiraca teve como prefeitos nomeados:

            - Genésio Rodrigues, 28/12/1940 a 26/3/1941;

            - Manoel Leal, 27/3/1941 a 02/02/1945;

            - João Ribeiro Lima, de 03/02/1945 a 10/5/1947;

            - Afonso Galvão, de 11/5/1947 a 05/8/1947;

            - Gaspar Vieira de Melo, de 05/8/1947 a 31/01/1948 (o último interventor).

 

 

 

III

O Inventário de Manoel André Correia dos Santos (1815/1889)

            Com a morte de Manoel André Correia dos Santos, em 1891, sua última esposa (Luisa Maria da Paixão) e os filhos abriram inventário de seus bens (espólio) em 21 de março de 1891, de forma amigável, no Cartório de Registro Civil de Limoeiro de Anadia. O livro em que se encontra registrado o inventário foi retirado do cartório pelo juiz de direito Nelson Rodrigues Correia, neto de Esperidião Rodrigues. Segundo o escrivão do cartório, o juiz Nelson Rodrigues requereu o livro e nunca o devolveu.

            As terras inventariadas foram adquiridas por Manoel André Correia dos Santos como dote de seu casamento com Maria Isabel da Silva Valente (eram terras abaixo da serra da Mangabeira, no planalto do Cangandu e que pertenceram ao capitão José Joaquim do Cangandu). No inventário, foram contemplados os filhos (em número de oito) de Manoel André, e sua terceira esposa, Luisa Maria da Paixão.

            Assim se encontra a Petição Inicial: "A viuva e os filhos do finado Manoel André Correia dos Santos pedem ao cidadão Juiz Municipal de Limoeiro o Inventário amigável dos bens deixado por seu marido e pai, conforme os documentos apresentados

            "Viuva Luisa Maria da Paixão

            "Filhos: 1 - Vicente Pereira da Silva, 2 - José Inácio Correia da Silva, 3 - Florêncio Apolinário da Silva, 4 - Maria Rosa da Silva, casada com Lúcio Roberto da Silva, 5 - Fausto Correia dos Santos, 6 - Belarmino Correia dos Santos, 7 - Josefa Maria da Conceição, casada com José Nunes de Magalhães, 8 - Umbelina Rosa da Silva, casada com Azarias Pereira da Silva.

            "Nestes termos pedem deferimento

            "Limoeiro, 21 de março de 1891"

            O fundador de Arapiraca, antes, havia doado, documentalmente, para ser o primeiro patrimônio da igreja católica na região, quatro tarefas de terras (compreendendo o quarteirão hoje  conhecido por praça Bom Conselho até a rua Anibal Lima e do comércio até a praça Marques da Silva). Essas terras foram, posteriormente, loteadas pela igreja católica.

            O fundador de Arapiraca, antes, havia doado, documentalmente, para ser o primeiro patrimônio da igreja católica na região, quatro tarefas de terras (compreendendo o quarteirão hoje  conhecido por praça Bom Conselho até a rua Anibal Lima e do comércio até a praça Marques da Silva). Essas terras foram, posteriormente, loteadas pela igreja católica.

 

Genealogia de Manoel André Correia dos Santos (1815/1890)

(fundador de Arapiraca)

Pais de Manoel André Correia dos Santos:

Pai: Gabriel Cortês Correia dos Santos (português)

Mãe: não conhecida

1o. casamento (1845): esposa - Maria Isabel da Silva Valente (1815/ 1855)

            Filhos:

            1. Florêncio Apolinário Correia, casado com Belmira Veríssimo dos Santos;

            2. Maria Rosa dos Santos, casada com Lucio Roberto da Silva;

            3. José Inácio Correia da Silva, casado com Teresa de Jesus Ferreira de Macedo;

            4. Vicente Correia da Silva, casado com Maria Madalena da Silva;

            5. Josefa Maria da Conceição , casada com José Nunes de Magalhães.

 

2o. casamento: esposa - Rosa Martins da Silva

            Filhos:

            1. Belarmino Correia dos Santos, casado com Emília Evaristo Correia deAmorim;

            2. Fausto Correia dos Santos , casado com Antônia Rosa de Oliveira;

            3. Umbelina Rosa da Silva, casada com Azarias Pereira da Silva.

3o. casamento: esposa - Luisa Maria da Paixão.

 

Netos de Manoel André Correia dos Santos

1.1 Filhos de José Inácio Correia da Silva (Teresa de Jesus Ferreira de Macedo):

            a) Josefa Correia dos Santos(1872), casada com Francisco de Paula Magalhães;

            b) Manoel Inácio Correia, casado com Joana Leite Correia da Silva;

            c) Clarindo Correia dos Santos (1878), casado com Josefa Jovelina Sampaio de Macedo;

            d) Joana Correia da Silva, caada com Tibúrcio Valeriano da Silva.

 

1.2 Filhos de Vicente Correia da Silva (Maria Madalena da Silva):

            a) André Avelino Correia, casado com Josefa Pereira de Magalhães;

            b) Francisco Vicente Correia, casado com Josefa Lúcia da Silva;

            c) José Vicente Correia, casado (1o.) com Maria Filipe dos Anjos e (2o.) com Joana Pereira;

            d) Manoel Firmino Correia, casado com Ana Magalhães (Donana);

            e) João Vicente Correia, casado com Antônia Barbosa de Melo.

 

1.3 Filhos de Florêncio Apolinário (Belmira Maria dos Santos):

            a) Maria Rosa Apolinário daSilva, casada com o "coronel" João Pereira Magalhães (avó de Eloisio Ribeiro Magalhães);

            b) Antônio Apolinário Correia da Silva, casado com Antônia Umbelina da Silva.

 

1.4 Filhos de Belarmino Correia (Emília Evaristo Correia):

            a) José Belarmino Correia, casado com Germana Augusta Ferreira Macedo (Maninha);

            b) Artur Belarmino Correia, casado com Antônia Pereira Barbosa Barbosa (vivente em Coité do Nóia);

            c) Maria Belarmino Correia, casada com Antônio Evangelista;

            d) Olindina Belarmino Correia, casada com João Pereira Barbosa;

            e) Manoel Evaristo de Amorim (solteiro).

 

1.5 Filhos de Fausto Correia dos Santos(Antônia Rosa de Oliveira):

            a) Maria Fausto, casada com Manoel Correia Pereira Bilau (avô de Leônio Fausto);

            b) Cecília Fausto, casada com João Rosendo;

            c) Rosa Fausto, casada com, Pedro Nemésio.

 

1.6 Filhos de Maria Rosa dos Santos (Lúcio Roberto da Silva):

            a) Manoel Lúcio Correia (1876), casado com Belmira Cavalcante (avô de Nelson Rodrigues Correia);

            b) Domingos Lúcio da Silva (1887), casado com Cecília Umbelina da Silva;

            c) Maria Rosa da Silva, casada com Rosendo Nunes Barbosa (pais de Lino Barbosa);

            d) Tibúrcio Valeriano da Silva, casado (1o.) com Joana Correia e (2o.) com Josefa Umbelina da Silva;

            e) Josefa Lúcio da Silva, casada com Francisco Vicente Correia da Silva;

            f) Antônio Lúcio, casado com Maria Magalhães;

            g) José Lúcio da Silva, casado com Júlia Pereira França (pais de José Pereira Lúcio (Lucinho) - que foi deputado federal;

            h) Francisco Lúcio da Silva, casado com Elvira Ferreira da Silva.

 

1.7 Filhos de Josefa Maria (José Nunes de Magalhães):

            a) Antônia Nunes de Magalhães, casada com Marcelino Diógenes de Magalhães;

            b) José Rodrigues de Melo, solteiro;

            c) Juvêncio Rodrigues de Melo;

           d) Rosa Rodrigues de Melo, solteira.